segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Pão Que Veio do Céu


"Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo." 1 Reis 19.6

*Ester Figueiredo Araújo
Éramos os primeiros residentes do bairro Alvorada I, em Manaus, Amazonas. Meus pais receberam terras do governo, e meu pai construiu um barraco na Rua Oito. "Era uma casa muito engraçada. Não tinha paredes, não tinha nada." Morávamos todos juntos: minha tia Maria, meus pais e minhas quatro irmãs. Eu tinha apenas 4 anos de idade, mas ainda me lembro.
Um dia, meu pai voltou do trabalho para casa. Nós crianças, esperávamos ansiosamente. Sabe, não havíamos tomado nossas refeições costumeiras naquele dia, e nossa mãe nos acalmou dizendo que o papai chegaria logo com um lanche. Normalmente, ele também trazia o almoço e o alimento para o dia seguinte. Entretanto, quando  papai chegou, trouxe a notícia de que o dia havia sido ruim. Ele era um barqueiro, que ajudava as pessoas a cruzarem o Rio Negro de um lado para o outro, e vendia lanches aos passageiros. Mas chovera bastante naquele dia, e não haviam aparecido muitos fregueses. Ele acrescentou que o lanche que ele vendia "nadou", seu jeito de dizer que havia estragado. Sem dinheiro e sem lanche, nós, crianças, ficamos tristes e famintas.
Mas mamãe não perdeu a fé, reuniu a família e fez o culto vespertino como de costume. Pouco depois, era nossa hora de ir para a cama. Entretanto, ao nos prepararmos para dormir, alguém bateu à porta. Um carro havia parado na frente do barraco e alguém saiu, carregando uma caixa. Sem explicação nenhuma, o homem deixou a caixa em frente à nossa casa. Continha comida suficiente para alimentar nossa família por vários dias! 
Nosso coração transbordou de alegria, e toda família se ajoelhou e deu graças a Deus pelo milagre que Ele havia operado. Assim como alimentou Elias no deserto, Deus alimentou Seus filhos, literalmente. Ele nos enviou aquilo que precisávamos. Em compensação, tudo o que Ele desejava era que não perdêssemos a fé. Mesmo antes de pedirmos, Ele providencia o necessário porque nos conhece muito bem.
Nós, as crianças, somos adultas agora, mas não nos esquecemos do milagre que ocorreu durante nossa infância. Na Bíblia podemos ler o seguinte: "Digam aos seus filhos o que aconteceu; que eles contem aos seus filhos, que eles falem sobre isso à geração seguinte" (Joel 1.3, NTLH). Assim, hoje nós o contamos aos nossos filhos, que contarão às outras gerações. E o nome de Deus será exaltado, para sempre e sempre.

*Ester Figueiredo Araújo é professora universitária, membro da Academia Itacoatiarense de Letras, e da Comissão científica da cidade de Itacoatiara, Amazonas, Brasil. Ela tem três filhos e quatro netos. Gosta de ler, fazer caminhadas e escrever.

***

Chuvas de Bênçãos


Na  estação própria farei descer chuvas; haverá chuvas de bênçãos. Ezequiel 34:26


*Margaret Fisher
Os hinos me trazem muitas lembranças. Não é somente a mensagem da letra, mas são as coisas que aconteceram no momento em que os ouvia que permanecem novas e vivas no coração. 
Quando eu tinha seis anos de idade, minha mãe soube de um curso de culinária oferecido ali perto. Mamãe estava começando a aprender inglês, e achou que isso ajudaria a entender inglês melhor, e que a ensinaria a cozinhar o alimento usado pelas pessoas em nosso novo país.
Foi depois da Depressão, uma época difícil para meu pai encontrar um trabalho permanente - ele trabalhava só meio expediente como mecânico. Recebia apenas uns 5 dólares por mês. Resmungava porque comíamos muita sopa, mas isso era praticamente tudo o que conseguíamos com o salário dele.
Mamãe queria ir ao curso de culinária. Custava 50 centavos, que era um bocado de dinheiro para nós, e papai não queria que ela fosse. Mas ela estava decidida. Isso deixou papai bravo, e todos os dias ele trazia à tona o fato de ela estar desperdiçando sólidos 50 centavos.

Na primeira aula, anunciaram que haveria um sorteio na sexta-feira seguinte, quando a aula terminasse. Mamãe não entendeu o que era um sorteio e ficou constrangida de perguntar, mas na sexta feira, dito e feito, realizaram o sorteio e mamãe foi premiada. Disseram-lhe que o  entregariam em nossa casa. Não tínhamos ideia do que seria, mas ficamos muito eufóricos.
Pontualmente às 15 horas a campainha tocou. Ali estavam dois homens com uma enorme cesta cheia de produtos do mercado. Quando eles foram embora, mamãe disse: "Vamos esperar até que papai chegue antes de esvaziar a cesta." Ela continuou: "Ele vai ver que os 50 centavos não foram desperdiçados."
Quando finalmente papai voltou para casa, nós, as crianças, corremos para a porta e o puxamos até a cozinha. Seus olhos se arregalaram quando ele viu a cesta. Mamãe, sem pressa, foi retirando um artigo de cada vez, cantando durante o tempo todo um novo cântico que havia aprendido: "Que segurança, sou de Jesus!" 
Havia sacos de açúcar, farinha, nozes, passas, fermento, leite em pó, condimentos e cinco laranjas - um raro produto, na verdade. Ao redor do topo da cesta havia maçãs e cachos de uvas. Papai nunca mais mencionou os 50 centavos. 

E, ah, sim, todos aprendemos a cantar: "Que segurança, sou de Jesus!"

*Margaret Fisher  e o esposo, Floyd, moram no Tennessee; têm cinco filhos e 16 netos. Margaret gosta de escrever, especialmente poesia. Já publicou alguns artigos e vários poemas. Ela aprecia tocar piano na igreja. Seu passatempo é fazer trabalhos manuais (artesanato).


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015




Os Olhares de Jesus


Olhar a vida de diferentes pontos de vista é uma atitude sábia que floresce no tempo de nosso próprio amadurecimento. Ver a vida com novos olhos é descobrir o que estava à nossa frente e não conseguíamos enxergar. O tempo nos ensina a olhar com maturidade. Inútil será querer ver o fruto quando a semente ainda está nascendo. O tempo reconcilia nossos olhares com a vida e conosco mesmos. Muitas são as maneiras de olharmos a vida. 
Cada um olha a partir daquilo que a vida lhe ensina a olhar. Uns olham longe e acabam se perdendo na imensidão do que veem. Outros olham perto e não conseguem ir além do que estão vendo. Outros olham apenas para si mesmos e vivem fechados em um olhar individualista. Cada olhar é uma maneira única de nos encontrarmos com aquilo que vemos, e cada encontro precisa ter o olhar da sabedoria que ensina a ser mais humano. Múltiplos são os olhares e eles ganham as tonalidades que neles imprimimos. Há olhares de inveja que roubam a paz.
Há olhares de indiferença que fazem o outro sentir-se desprezado e humilhado. Há olhares de raiva que imprimem na alma as marcas da agressividade. Há olhares tristes que estão presentes em muitos e nos mostram o inverno rigoroso que fez morada em territórios misteriosos da alma. Mas também há os olhares que transmitem vida: o olhar da compaixão que acolhe; o olhar alegre, que nos faz sentir abraçados; o olhar da paz, que nos devolve o céu; de solidariedade, que nos une como irmãos e irmãs.
Nosso olhar revela o que passa em nossa alma. Captar o que ele quer dizer pode ser tarefa difícil. É necessária a sensibilidade de quem, um dia, aprendeu a olhar como o Mestre da Vida. Muitos olharam e foram olhados por Jesus; dentre todos estes olhares temos a certeza somente de uma coisa: quem olhou ou foi olhado por Jesus nunca mais foi o mesmo. O olhar do Senhor tinha a sensibilidade de devolver ao ser humano o sentido de sua existência. O silêncio do olhar divino escrevia novas frases de uma vida que se encontrava sem sentido.

Deixe ser tocado pelos olhos de Jesus!

Jesus olhou para a samaritana e lhe entregou uma fonte de água viva. Nunca mais aquela mulher teve sede de vida. A fonte de um novo tempo irrigou os canteiros daquela alma cansada de buscar uma água que não saciava a sede de modo definitivo. As águas da saciaram aquela alma sedenta brotavam de uma fonte viva. O balde foi deixado de lado, pois a fonte de água agora jorrava dentro dela mesma.
A pecadora tinha, diante de si, olhares que a condenavam. Quem rotulam o próximo já foi, antes, rotulado pelos próprios pecados de quem olha. Jesus sabia que aqueles olhares estavam contaminados pelos próprios pecados de quem olhava os erros daquela mulher. O outro é um espelho que nos indica o que em nós precisa ser mudado. Quando não conseguimos retirar as ervas daninhas de nossa alma, vamos até os canteiros do outro e tentamos cuidar de terrenos que não nos pertencem. Jesus olhou para aqueles olhos que estavam prestes a matar aquela mulher e retirou o véu das próprias perfeições que eles carregavam em si mesmos. Olhares imperfeitos têm o brilho da perfeição.
Foi somente um olhar de amor que devolveu àquela mulher a chance de recomeçar a vida de modo diferente. O olhar da misericórdia encontrou-se com o olhar de imperfeições. A misericórdia semeou, naquela vida, as flores da primavera de novas alegrias e ela partiu para levar o perfume das flores que agora brotavam em sua alma.
Cada olhar de Jesus mostrava um novo caminho para quem d'Ele se aproximava. O olhar divino tocava a alma humana de cada pessoa e fazia de cada manhã a mais bela experiência do viver. Nunca um olhar foi tão surpreendente com o olhar de Cristo. Quem olha com amor devolve a luz que foi apagada pelas incompreensões de uma noite que está prestes a se despedir.
Uma nova vida começa a existir a partir do momento que mudamos o nosso modo de ver o mundo. Enquanto há muitos olhares que matam, Jesus olha com vida para os canteiros de nossas possibilidades. Enquanto houver um amanhecer, Deus estará olhando com a luz do seu amor sobre cada um de nós. Nos olhares de amor de Cristo descobriremos que os nossos olhares imperfeitos estão prestes a serem sementes de uma nova estação que se chama Amor.

Padre Flávio Sobreiro
Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG.


Amar é Ter Outro Olhar Sobre a Vida



Aquilo que está próximo é visto por nós como a maior coisa do mundo. Seja o bem ou o mal.
Meus bens mais íntimos e próximos são os maiores do mundo. Minha catástrofe próxima é incomparável.
Nossa ótica gera muitas ilusões!
A ótica não pode ter esse poder de definir o tamanho e o valor das coisas na existência que vemos.
O Amor é o que deve definir as importâncias da hora e o tamanho de cada coisa.
Até o "amar o próximo", não é uma relação com distância, mas um abrir de olhos. Olhos que antes estavam fechados, ainda que abertos.

- Acorda! Olha o teu próximo precisando de você ai, debaixo do teu nariz!
Amar é acordar para o que não se via.
A questão não é a distância. A questão a se converter sou eu!
Amar é ser salvo das ilusões de ótica. As ilusões do meu eu, do meu olhar.
Esse olhar que não vê... Ou esse olhar que vê mais do que seja verdade.
Seja como for... Amar é ser salvo de mim.
Amar é sempre ter um Outro Olhar sobre a Vida!

Marcello Cunha

Terra em Transe - Gladir Cabral





Se era pra matar,
Por que deram os nomes aos bichos?
Se era pra cortar,
Por que tanto estudaram as plantas?

Se era pra revirar a terra
E cimentar o campo
Empacotar o vento
Plastificar o encanto

Se era pra morrer
De cansaço na beira do asfalto,
Se era pra esquecer
A beleza da água no salto,

Se era pra derramar o vinho
E semear o pranto
Emudecer o pinho
E sufocar o canto

Se era pra perder
Por que foram buscar a esperança?
Se era pra correr
Por que foi que chamaram pra dança?

Se era pra desejar o muito
E usufruir o pouco,
Acalentar o intento
E acabar tão inerte e louco

Se era pra não ser
E evitar a questão do poeta
Se era só pra ter
E virar um produto em oferta

Se era pra ver a Terra em transe
A calçada cobrindo o mangue
A mata vazando sangue
E a cobiça fazendo a festa

Não é para responder
É apenas para se repensar
E quem sabe recomeçar
Replantar / Refazer

Terra em Transe - ( de Gladir Cabral, na voz de Airô Barros)




Se era pra matar,
Por que deram os nomes aos bichos?
Se era pra cortar,
Por que tanto estudaram as plantas?

Se era pra revirar a terra
E cimentar o campo
Empacotar o vento
Plastificar o encanto

Se era pra morrer
De cansaço na beira do asfalto,
Se era pra esquecer
A beleza da água no salto,

Se era pra derramar o vinho
E semear o pranto
Emudecer o pinho
E sufocar o canto

Se era pra perder
Por que foram buscar a esperança?
Se era pra correr
Por que foi que chamaram pra dança?

Se era pra desejar o muito
E usufruir o pouco,
Acalentar o intento
E acabar tão inerte e louco

Se era pra não ser
E evitar a questão do poeta
Se era só pra ter
E virar um produto em oferta

Se era pra ver a Terra em transe
A calçada cobrindo o mangue
A mata vazando sangue
E a cobiça fazendo a festa

Não é para responder
É apenas para se repensar
E quem sabe recomeçar
Replantar / Refazer







Acorda cedo com a luz da alvorada,
Pega na enxada e vai depressa trabalhar;
E na estrada ouve a voz da passarada,
Da folia e da zuada que desperta o dia;

E neste ar fresco que agora ele respira
Lembra bem que tudo gira pelas mãos do Criador;
Ora em silêncio, pensa nos problemas seus,
E no silêncio pede ao Deus que desperta o dia.

Numa toada fora de moda,
Numa viola, seu desabafo,
Um louvor a Deus, o seu amigo
Que desperta o dia e com amor sacia;

Louvando a Deus puxando a enxada,
Olhando a luz da alvorada,
Ouvindo o canto da passarada,
Marcou encontro com seu bem querer.

Você do campo ou da cidade,
Seja idoso, ou na flor da idade,
Marque um encontro, não fuja da verdade,
Sem Jesus Cristo não dá pra viver;

Sem Ele o galo canta atrasado,
Passarim pia desafinado,
O colorido parece acinzentado
E o coração fica sempre amargurado.

Foi ontem




Um quintal faz muita falta
Galos, grilos, patos 
Martelar de sapos
Manhãs de ontem fazem 
Manhãs de paz
Cheiro de chuva
Chaminé, cheiro café
O bom acordar
Cantos, pássaros
Chão de terra, relva
Sereno, beija-flor
Um quintal faz muita falta
Orvalho cristal
Roupas no varal
Balanço na mangueira
A espera do carteiro
Um quintal faz falta
Coentro, salsinha
Couve, cebolinha
O cão e seu latido
Foi ontem...

Hoje meu acordar
Sirene de bombeiro
Chão de malícia
Milicia, polícia
Nada de flores
Nada de abelhas
Vida nada mel
Alegria artificial
Homens cegos, mudos
Homens surdos
Suas telas games de guerra
Imagens em 3d
Gafanhotos devoram 
A fauna, a flora
Sapo martelo volte com seu martelar
Traga meu quintal
Quintal que fora ontem
Que a nossa vida seja levada em nome de Jesus, que nós não sejamos aqueles que rejeitam o nome de Jesus, mas que nós tomemos posse desse único nome que pode nos salvar!

(José Aguiar)

Você encontra outras poesias do poeta José Aguiar em seu Blog "Virtude Maior":
http://virtudemaior.blogspot.com.br/

Esse Tipo de Pai


Mas o amor leal do Senhor, o Seu amor eterno  está com os que O temem, e a Sua justiça com os filhos dos Seus filhos. Salmo 103.17


*Karen Phillips
Meu pai era gentil e calmo, alguém que transmitia uma sensação de segurança e estabilidade sem dizer uma palavra. Era fidedigno e leal para com seus compromissos e responsabilidades na vida.
Sua mãe, viúva, criara seis meninos sozinha. Eles tiveram vida muito simples durante os tempos anteriores à Grande Depressão, sobrevivendo pela fé em Deus, generosidade de outras pessoas e pelo amor de um para com o outro. Meu pai conta a história de terem recebido alimento de uma igreja, mas todos os rótulos das latas haviam sido removidos. Assim, eles simplesmente abriam a lata e comiam o conteúdo, fosse qual fosse.

Quando adulto, se casou com minha mãe e supria as necessidades diárias da nossa família; levando ainda uma vida simples. Era um homem de poucos desejos. Havia muito pouco dinheiro, mas nós cinco crescemos sentindo que éramos amados, cuidados e protegidos. Íamos à igreja todas as semanas e concluímos a educação fundamental na escola da igreja. Meu pai trabalhava, às vezes, em três empregos para trazer comida para a mesa, e mamãe cuidava da casa. Meus pais eram  muito fiéis ao Senhor em tudo o que faziam, inclusive quanto ao dízimo. Fazia 62 anos que estavam casados, quando mamãe faleceu.

Do seu jeito quieto, papai suportou cada dia que ele passava sem sua companheira da vida toda. Estava 80% cego e 80% surdo, de modo que não podia ler, escrever ou assistir à televisão, e tinha dificuldade para caminhar. Eu o visitava semanalmente em seu apartamento com assistência geriátrica, puxando a cadeira o mais perto possível para que ele pudesse me ouvir. Numa dessas visitas, perguntei-lhe: "Papai, o que você faz o dia todo? Só fica sentado aqui?" Ele respondeu que orava e cantava, declarando que eu me surpreenderia com o que os antigos hinos podem fazer por uma pessoa. Dali em diante, eu levava meu violão e cantávamos esses hinos juntos. Nunca saí com os olhos secos.

Nosso Pai celeste também é esse tipo de pai. É fidedigno e leal - sendo sempre o perfeito cavalheiro em Seu relacionamento conosco. Ele nos proporciona amor, proteção e uma sensação de segurança. Seu Filho, Jesus, intercede por nós e tem um cântico de amor no coração para os Seus seguidores. Ele é fiel aos Seus compromissos e sempre cumpre as promessas que faz. Hoje, você não se assentaria para ouvir o que Ele tem a oferecer-lhe, com  Seu jeito calmo e gentil? Puxe a cadeira para bem perto. Você se surpreenderá com o que isso pode fazer em seu favor!

Karen Phillips  tem quatro filhos e trabalha como gerente de recursos humanos e segurança. Participa do coral da igreja e é professora de crianças na igreja. Dedica tempo ao seu diário de oração, faz caminhada com seus dois cachorros e gosta de viajar e ministrar a Palavra às pessoas. Passar tempo com os filhos é sua maneira preferida de aproveitar o tempo.




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O Caminho é Longo... continua a caminhar


O caminho é longo! É preciso chegar ao fim...
O caminho é pedregoso! É preciso desviar das pedras,
quebrar as rochas e seguir avante...
É preciso ter coragem, correr riscos, 
enfrentar o perigo e ser constante...
O caminho não está feito...
é preciso construí-lo todos os dias...
arrancando espinhos, derrubando barreiras, aterrando vales.
O caminho às vezes escurece. É preciso estar prevenido:
Não deixar nunca a lâmpada sem azeite,
estar pronto para tudo o que acontece.
Às vezes chove, faz frio e o vento sopra e incomoda. 
É preciso um abrigo.
Às vezes o sol queima, a sede devora. É preciso uma sombra...
uma fonte onde a gente se revigore.
Às vezes toda a perspectiva de um caminho desaparece.
É preciso uma esperança profunda, sem limites.
Uma esperança que nunca desvanece.

A certeza de que alguém falou e sua palavra nunca falha.
A certeza de que não estamos sós nesta jornada...
mas somos um povo a construir a sua estrada rumo ao mesmo fim.
Onde a promessa se cumprirá plenamente.
Onde não haverá mais chuva, nem frio, nem trevas.
Tu, que andas por este caminho, percorre-o até ao fim.
Constrói este caminho dia a dia,
não em terra de areia, mas em chão firme.
Caminha sempre.
Não importa que haja quedas.
Importa sempre começar de novo...
Confiar sempre no mesmo amigo, 
seguir sempre em frente como peregrino, como povo,
caminhando e crescendo na mesma amizade e na mesma fé,
alimentados pela mesma esperança em busca de comunhão.
Caminhando sempre de mãos dadas, com a mesma coragem e mensagem.
Eis o lema do cristão: Caminhante, não há caminho. Faz-se caminho ao andar.

(REBELLATO, Germano. Coletânea de mensagens. Rio Grande do Sul: Salles Editora, 2000. p. 130)


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Mudar...


Já te disseram alguma vez: que você precisa mudar? Como você se sentiu diante da pergunta? O que passou pela cabeça?

Será que queremos mudar? Um ingrediente chave para a mudança é quando entendemos como mudar.

Alguns anos atrás ficou claro para mim, que algumas áreas da minha vida clamavam por uma mundança e simplesmente acabei dando ouvido, mas tive que me esforçar, pois o caminho não é tão fácil assim.

Mudar requer disciplina é constância. Adotar novas narrativas. O excelente escritor James Bryan Smith deixa bem claro que: “mudar abrange adoção de novas narrativas, disciplinas espiritual, participação da comunidade e ajuda de Deus. O processo de mundança é longo e desafiador e envolve o auxílio de outras pessoas”

Sempre será bem vindo o caminho que nos conduza a mudança, pois no futuro brindaremos a recompensa.

“Não entendo de sonhos. Mas este me parece um profundo desejo de mudança de vida. Não precisa ser feliz sequer. Basta ano novo. E é tão difícil mudar. Às vezes escorre sangue”. Clarice Lispector

Luciano Manga

A Grandeza do Mar


VOCÊ SABE por que o mar é tão grande?
Tão imenso? Tão poderoso?
É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros
abaixo de todos os rios.
Sabendo receber, tornou-se grande.
Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios,
não seria mar, mas sim uma ilha.
Toda sua água iria para os outros e estaria isolado.
A perda faz parte.
A queda faz parte.
A morte faz parte.
É impossível vivermos satisfatoriamente.
Precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer.
Impossível ganhar sem saber perder.
Impossível andar sem saber cair.
Impossível acertar sem saber errar.
Impossível viver sem saber morrer.
Se aprenderes a perder, a cair, a errar, ninguém mais o controlará.
Porque o máximo que poderá acontecer a você é cair, errar e perder.
E isto você já sabe.
Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade
o ganho e a perda, o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte.

Paulo Roberto Gaefke
Livro: "Quando é preciso Viver" pág. 29

Livro, um amor indisfarçável


Por Ricardo Gondim

À medida que amadureço (amadurecer, eufemismo para envelhecer) descubro meu novo amor: a literatura. Desde meus verdes anos, sempre vi meu pai com um livro na mão. E desde que me entendo por gente, nunca negligenciei o hábito de ler. Todavia, devido a minha vocação pastoral, por longos anos só me debrucei sobre livros teológicos e filosóficos. Eu os encarava como instrumentos de trabalho – eles me auxiliariam a exercer minhas atividades. Perdi de ler romance, novela, conto – poesia, nem pensar.
Pouco antes de completar meus 40 anos, percebi que conhecia pouquíssimo de literatura brasileira. A maioria dos autores não passava de um nome famoso da história. Sem ter folheado uma obra de José Lins do Rego ou Rachel de Queiroz, eu sabia nomear poucos livros de Machado de Assis ou de Jorge Amado. Resolvi abrir Fogo Morto, do Zé Lins e me encantei. Seu regionalizo falou comigo – devorei quase toda a obra dele. Mal imaginava que descobria uma nova paixão. Não demorou, li de uma sentada O Quinze de Rachel de Queiroz. Fiquei fascinado ao saber que a minha conterrânea o escreveu ainda adolescente, deitada de bruços no mosaico frio da sala de casa. Aquiesci à minha ignorância, eu precisava conhecer outro universo.
Não demorou descobri: minha antipatia por Graciliano Ramos era sem motivo. Vidas Secas fora tarefa odiosa do ginásio. Reli o drama da seca nordestina. A sorte de Baleia, a cadela oferecida em holocausto à fome, me sensibilizou. Depois, devorei tudo o que o velho Graça produziu. Confesso: aquelas primeiras incursões me viciaram em literatura – e agora, parece, a dependência não tem cura. Não consigo mais parar. A pena dos autores de fôlego me deslumbra.
Continuo sem querer me distanciar dos livros técnicos, lógicos. Gosto de autores com pensamentos bem estratificados. Porém, meu novo amor está na literatura. Terminei de ler Os miseráveis, de Victor Hugo, suspirei e disse em voz alta: -Não seria justo alguém passar pela vida sem conhecer este livro. A história de Jean Valjean é libelo sobre perdão, graça e amor; ele encarna, talvez, a mais bela representação de Jesus Cristo.
De igual modo, me encantei com Crime e Castigo, de Dostoievski. Em uma Rússia pobre, o livro flui de um pessimismo – que trata homens e mulheres comuns como piolhos - até chegar à redenção humana – só possível no amor.
Eu poderia mencionar uma parcela do time que me embasbacou nesses últimos anos: Machado de Assis, Alexandre Dumas,  Benedetti, Mia Couto, Franz Kafka, Albert Camus, Gabriel Garcia Márquez, Thomas Mann, Philip Roth, J. M. Coetzee, Milan Kundera, Sándor Márai, João Ubaldo Ribeiro, Muriel Barbery, entre outros.
Com a literatura, aprendo a viajar pelos meandros da alma humana. Pela mão dos grandes romancistas,  desço aos porões escuros da maldade e reconheço a extensão da iniquidade que se universalizou. Também acompanho o caminho de heróis e heroínas e redescubro a imagem de Deus, graciosamente, espalhada por toda a humanidade. Machado de Assis, por exemplo, trabalha seus personagens sem dourá-los com lantejoulas falsas - Bentinho e Capitu se parecem com sujeitos bíblicos, com sombras e luzes.
Com a literatura aprendo a desdobrar a vida para além das engrenagens do dia-a-dia. Mundos fantásticos, como os de Gabriel Garcia Márquez, foram criados para que possamos sonhar além da realidade crua. Essa capacidade de devanear, tão comum entre profetas, nos leva à inconformidade. O que existe pode ser mudado de acordo com outra maquete. O mundo que eles imaginam não deveria ser do jeito que é – os profetas narram o leão e o boi pastando juntos e crianças enfiando a mão na toca das serpentes. Profetas e poetas são arautos nos mobilizando na direção da utopia última. Quem viu outra realidade, mesmo em sonho, ou nas tintas da ficção escrita, passa a desejá-la.
Com a literatura aprendo a importância de sair dos pensamentos concretos até a capacidade de abstrair. Sutilezas da linguagem metafórica passam batidas por quem só sabe pensar no rigor do literalismo. Jesus tentou se comunicar com Nicodemos. Ele, entretanto, não possuía a sensibilidade de transcender. Treinado no farisaísmo mais fundamentalista, aquele príncipe no Sinédrio achou simplório o discurso do Nazareno. Nicodemos pensou que nascer de novo significava, concretamente, voltar ao ventre da mãe.
Com a literatura aprendo: a vida não pode ser avaliada pelos critérios de desempenho. O imensurável da alma humana não tolera ficar confinado a eficácia ou mérito. Ao ler duas obras de Tolstói, A morte de Ivan Ilitch e Anna Karenina, despertei para o valor do tempo, das relações humanas e, principalmente, para o cuidado que devemos ter com o universo da subjetividade, que é a alma humana.
Com a literatura aprendo a melhor apreciar a Bíblia. Antes eu fazia das Escrituras um manual de verdades práticas que devia usar proveitosamente. Só agora vejo sua grandeza como coleção de textos em que o Espírito comunica os tesouros da sabedoria.
Em cada página que degusto na literatura tento meditar, numa mastigação lenta, no que pode animar, exortar e consolar. Deixo-me vazar pelo inefável. Sei, a vida é mais que fenômeno químico. Existem verdades obscuras ao vexado. Por isso leio e releio com vagar. Anelo seguir na estrada estreita preferida pelos sábios. Anseio desfiar o mistério da beleza ao lado dos grandes escritores (curto, por eles, uma inveja santa). Busco na literatura a verdade fugidia, aquela que pertence a Deus, apenas.
Soli Deo Gloria


***

Sobre o cavalheirismo


Resolvi consultar a palavra “cavalheiro” em um dicionário de Língua Portuguesa, a fim de escrever um texto sobre o assunto. Segundo o conceituado dicionário Aurélio, cavalheiro é um “homem de sentimentos e ações nobres” ou ainda um “homem de educação esmerada”. Para entender mais a fundo, resolvi procurar pelos vocábulos “nobre” e “esmerada”. Nobre, para os fins de nossa reflexão, quer dizer “elevado, sublime, generoso”. E esmerada é uma qualidade de quem tem esmero, que significa “cuidado especial em um serviço”. 

Deste modo, entendi que um genuíno cavalheiro é o homem de sentimentos e ações elevadas, sublimes e generosas e que cultiva a educação com cuidado especial.

Contudo, não satisfeito. Afinal, ainda há uma palavra em nossa definição que precisa ser mais bem compreendida. Trata-se de “educação”. O que isso significa? Resolvi procurá-la também e me deparei com o seguinte: “Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” e ainda “civilidade, polidez”. O termo “civilidade”, por sua vez, significa “conjunto de formalidades observadas pelos cidadãos entre si em sinal de respeito mútuo e consideração”. E a palavra “polidez” é relativa a ser “atencioso e cortês”. “Cortês”, de cortesia, significa ser “delicado e amável”.

Tendo essas definições em mãos, compreendi que um genuíno cavalheiro é o homem de sentimentos e ações elevadas, sublimes e generosas que cultiva em si mesmo, com cuidado especial, o desenvolvimento das capacidades física, mental e moral, e observa com apreço o respeito mútuo e a consideração pelo próximo, buscando ser atencioso, cortês, delicado e amável. Em inglês, este é o “gentleman”, o homem gentil.

Ser cavalheiro evidentemente ultrapassa o limite da cordialidade para com a mulher. As virtudes de um cavalheiro devem estender-se para todos os indivíduos a volta, o que inclui outros homens. Contudo, o cavalheirismo geralmente é relacionado ao tratamento dispensado ao sexo feminino. Por que isso ocorre? É simples. A mulher, como gênero, apresenta um conjunto de inerências biológicas (geralmente refletidas em cada uma delas) que as fazem mais emotivas, delicadas, amáveis, carinhosas, sensíveis, detalhistas, perfeccionistas, caridosas e, no nível físico, frágeis. O homem, por sua vez, tende a ser mais bruto, insensível, desatento a detalhes e, no nível físico, mais forte. Em um mundo perfeito, essas diferenças não gerariam problemas, mas complementação. A verdade é que homens e mulheres foram projetados para se complementarem. Daí a maioria dos indivíduos sentir vontade de se casar. Isso transcende o simples instinto sexual, pois o casamento não é a união sexual apenas, mas a união de duas individualidades da forma mais completa que existe.

Não obstante, em um mundo que se tornou imperfeito, essas diferenças entre homens e mulheres tendem a ser corrompidas pela imperfeição natural. E, ao dar vazão a essa corrupção, a espécie humana obviamente criar um cenário no qual o gênero mais forte e bruto procura dominar sobre o gênero mais frágil e delicado. Pois é essa a tendência que domina o nosso mundo há séculos. E é por isso que o cavalheirismo é mais identificado com o tratamento do homem às mulheres.

É mais fácil ser cordial e atencioso com quem pode falar grosso com você e causar-lhe dano, do que com alguém que não representa qualquer perigo ou temor para a sua integridade física e psicológica. Desta forma, o homem que escolhe ser cavalheiro com as mulheres demonstra um nível muito maior de cavalheirismo, pois neutraliza sua brutalidade e força, buscando ser mais sensível e detalhista para com alguém frágil, que não lhe oferece riscos ou temor.

Contudo, mais cavalheiro ainda é o homem que escolhe ser cavalheiro para com as mulheres que compõem a sua vida, isto é, sua mãe, sua esposa (ou pretendida) e suas filhas. Para ser mais exato, este é o verdadeiro cavalheiro, o cavalheiro pleno, o gentleman real. Porque é fácil ser cavalheiro apenas na frente da sociedade, para manter a boa aparência ou para conseguir uma esposa. Mas tal como a bondade inquestionável é aquela que ocorre quando a sociedade não está vendo, o cavalheirismo inquestionável é aquele que ocorre quando dentro de casa, dentro da família. O homem que é cavalheiro com sua mãe, sua esposa e suas filhas, este entendeu o que realmente é cavalheirismo.

Mas até agora só falamos do tratamento do cavalheiro para com os demais. Há ainda um aspecto muito importante do cavalheirismo que não deve ser esquecido: o tratamento de si mesmo. O ser humano foi constituído com incríveis potencialidades. Potencialidade são dons, aptidões e capacidades que podem ser desenvolvidas, isto é, podem se tornar realidades. Isso não apenas se refere ao indivíduo e seus dons naturais, mas a espécie humana como um todo e suas capacidades gerais. A questão aqui tem a ver com educação no sentido já mencionado de buscar desenvolver suas áreas física, mental e espiritual.

O cavalheiro pleno é o homem que entende que seu ser é uma obra maravilhosa da qual ele necessita cuidar bem. Não apenas por amor a si mesmo, e a quem ele crê que a possibilitou existir (algo que o ateu não tem como fazer), mas a todos os que estão a sua volta, a começar por seus pais, depois seus irmãos, sua família, seus amigos, sua esposa, seus filhos e toda a sociedade. O cavalheiro entende que a elevação de suas virtudes não diz respeito apenas à satisfação própria, mas à satisfação e o bem-estar de todas as pessoas a sua volta. Porque tudo o que nós somos influencia e afeta de alguma forma o nosso círculo de pessoas. E tudo o que influencia e afeta nosso círculo de pessoas, afeta e influencia outros círculos. De modo que quando um homem escolhe ser cavalheiro, sua postura pode vir a afetar pessoas das quais ele jamais conhecerá ou ouvirá falar em sua vida.

O cavalheiro pleno, portanto, deve procurar constantemente por educação. Ele se importar com a boa saúde física, abstendo-se do fumo; procurando evitar o que é nocivo ao corpo e fazendo exercícios; ele deve buscar conhecimento, ter um bom vocabulário, saber se expressar, adquirir cultura, ser capaz de conversar com todo o tipo de pessoas, ter humildade para aprender, paciência para ensinar, ânimo para continuar descobrindo, valorizar os estudos, amar a leitura, aprender a cozinhar, aprimorar seus dons; ser justo, amigável, se importar com os mais fracos, respeitar aos mais velhos, usar palavras nobres, responder com amabilidade, pensar no que é puro e reto, não se deixar levar pelos seus instintos naturais vis, estar sempre pronto a reconhecer seus erros, ser intolerante com a maldade, cultivar a fidelidade e a lealdade e saber colocar-se no lugar dos outros antes de julgar ou de fazer algo.

Finalmente, ser cavalheiro não é algo que se conquista uma vez na vida, como um cargo militar ou uma competição esportiva em determinado ano. Não, cavalheirismo é algo que devemos conquistar todos os dias. Ser cavalheiro é esforçar-se constantemente para ser cada dia melhor. A constância nesse esforço conta muito para ser chamado de cavalheiro. A perfeição, infelizmente, não é algo que se possa alcançar nesta terra. Mas para quem é imperfeito, perfeição é não traçar limites para seu desenvolvimento pessoal.

Termino esta postagem com um vídeo muito belo enviado por um amigo, o Darlan. Ele é um cavalheiro que certa vez me pediu para eu escrever algo sobre o cavalheirismo. O vídeo que ele me enviou, inspirou-me para produzir este texto hoje. Segue, portanto, o vídeo. Que os leitores possam tirar suas conclusões.

Davi  Caldas, escritor e estudante de Jornalismo.
Fonte: Blog Mundo Analista




O Amor Não Nasce Pronto





A maioria das pessoas acha que o amor nasce pronto, que é um presente do céu, um lampejo da alma, uma inspiração dos deuses, e cruzam os dedos para que "dê certo".

Depois da mágica troca de olhares, do arrepio pelo corpo, do êxtase dos primeiros toques, as coisas podem mudar de figura, quando se deparam com a outra etapa que é Viver o Amor.

Entre Sentir Amor e Viver um Amor tem uma distância enorme.

Para viver e permanecer amando o outro, é preciso que o aceite, que o valorize, que o respeite, que dê-lhe afeto e ternura, admire-o e compreenda-o.

E que sinta a reciprocidade nos cuidados.

Amar é uma capacidade e uma decisão, não só um sentimento.

Aglair Grein  (Psicanalista)

"Ilumina a estrada de alguém e estarás iluminando a ti mesmo. Abençoa o próximo e teus caminhos se farão abençoados. Ajuda-te sempre, especialmente ajudando aos outros e o céu te ajudará." Emmanuel










A Bíblia é um convite do Eterno pra um encontro de amor entre mim e Ele. 

A Bíblia é um convite do Eterno pra um encontro de amor entre a Criação e o Criador. 

A Bíblia é um convite de um Deus apaixonado pra reescrever histórias de amor com a humanidade.

A Bíblia é um convite pra uma jornada de amor entre a Trindade e a Humanidade!

A Bíblia é um convite pra um encontro de amor com o Verbo, a Palavra, um Nome, uma Pessoa, Jesus Cristo!

É nesta perspectiva que leio, creio e busco aplicar a Bíblia na minha vida, no meu cotidiano, no chão da minha existência, como um convite ao encontro amoroso com o Eterno que me amou com amor eterno.

Encorajo leituras bíblicas devocionais, isto é, ler a Bíblia pra mim mesmo.

Encorajo orar simples, orar sempre e orar silenciosamente.

Encorajo a comunhão entre amigos irmãos e irmãos amigos em o Nome de Jesus  em dias, horários, lugares escolhidos em comum acordo, de maneira livre e responsável.

Encorajo ajuntamentos de pessoas pra servir ao próximo em amor e solidariedade.

É nas rotinas de cada dia que implica em relacionamentos básicos e pequenas ações, pequenos gestos, pequenos confrontos é que o Evangelho em mim precisa fazer diferença.

A vida ganha novos sabores a partir de novos relacionamentos ou novas configurações à relacionamentos antigos, episódios inéditos e uma agenda mais flexível.

Carlos Bregantim

"A vida não admite representantes: ninguém pode conquistar maturidade por nós, ninguém pode crescer por nós." Aglair Grein




Viver sem Viver...





"A morte mais temida deveria ser a morte em vida, quando nos conformamos com uma rotina sem perspectivas, conferindo hora a hora um relógio sem ponteiros."
Aglair Grein

Um pedaço de você


Um pedaço de você ficou no tempo, quando você deixou de ler um bom livro, quando não acreditou naquele amigo…
Quando não aproveitou aquele instante para falar de amor, quando não abraçou seu pai e nem beijou a mãe.
Um pedaço de você se perdeu na curva, quando abandonou o seu sonho sem tentar, quando aceitou trabalhar onde não gostava, quando fazia o que não suportava…
Quando disse sim, quando queria dizer não, quando deixou o amor morrer antes de nascer, por medo de sofrer…
Um pedaço de você ficou parado, quando você não quis fazer um novo percurso, quando se conformou com o velho, quando ficou parado vendo o povo correr…
Quando votou em branco, se podia escolher, quando não apareceu quando era esperado.
A vida pede atitude em cada instante, e passa por cima de quem se cala, de quem aceita, de quem acredita que tudo está irremediavelmente perdido.
A vida desacata quem não se aceita, humilha quem não se valoriza, ensina com amor os que amam sem medidas, ensina com dor, os que fogem das lições.
Um pedaço de você quer tudo, outro quer se esconder.
Assim, cabe a você, só a você, dosar ansiedade e apatia, ter um tempo para criar e outro para executar…
Falar e ouvir, ensinar e aprender, caminhar e correr…
Amar e ser amado, falar baixo e gritar. Ter um tempo para refletir…
Só não vale cruzar os braços! Só não vale não ser você! 

Paulo Roberto Gaefke









Para Viver de Verdade





Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado... e amar; e amar-se. Ter esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas, mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade. Sonhar, porque sempre é preciso. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça, seja a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
Lya Luft

A Arte de Pensar


“Quando me harmonizo internamente há um reflexo externamente.”


“Chiquinha Gonzaga: foi a filha de pai branco que escolheu a marginalidade de ser preta.
Noel Rosa: o filho de pais brancos que fez a escolha de fazer música considerada de pobre à época.
Viver à margem nem sempre é a pior escolha. Ser marginal é poético, às vezes.
 Ir contra o pensamento padronizado da sociedade é, por vezes, um risco necessário.”

A Escola de Cristo


“A escola da existência de Cristo possui incomuns características; não é uma escola de pensamento, filosófica, de regras comportamentais, de ensino religioso-moralista e nem de aperfeiçoamento do caráter. O projeto de Cristo era muito mais complexo e ambicioso. As biografias de Cristo revelam que Ele não queria reformar o homem, mas produzir uma transformação no seu interior, reorganizar intrinsecamente a sua capacidade de pensar e viver emoções. 

Cristo queria produzir um novo homem. Um homem solidário, tolerante, que supera as ditaduras da inteligência, que se vacina contra a paranóia do individualismo, que aprende a cooperar mutuamente, que aprende a se conhecer, que tem consideração pela dor do outro, que aprende a perdoá-lo, que se interioriza, que se repensa, que se coloca como aprendiz diante da vida, que desenvolve a arte de pensar, que expande a arte de ouvir, que refina a arte de contemplação do belo (…) 

Ele não queria melhorar o homem, mas mudar a sua natureza intrínseca. A escola da existência de Cristo era muito diferente de uma escola clássica. Não tinha muros nem espaço físico definido. Erguia-se nos lugares menos clássicos: no deserto, à beira-mar, nos montes, nas sinagogas judaicas, no pátio do templo de Jerusalém, no interior das casas. Erguia-se também nas situações menos clássicas: nos jantares, nas festas, numa conversa informal…Cristo não tinha preconceitos. Ele falava em qualquer sítio com as pessoas. 

Não perdia uma oportunidade para levar o ser humano a se interiorizar. Por onde passava atuava como mestre e iniciava a sua escola. Nesta não havia secretária, carteiras, lousas, giz, computadores ou estratégias pedagógicas. A sua técnica eram as suas próprias palavras, os seus gestos e os seus pensamentos (…)
Cristo mesclava-se com os seus alunos, entrava na história deles. Não havia um fosso entre o mestre e os seus alunos. As histórias deles cruzavam-se. 

Por intermédio desse viver íntimo e aberto Ele conquistava-os e conhecia as angústias e necessidades de cada um. Aproveitava cada circunstância, cada momento, cada erro e dificuldade dos seus alunos para os conduzir de forma a repensarem e reorganizarem as suas histórias. Na escola de Cristo não há reis, políticos, intelectuais, iletrados, moralistas e imorais. São todos apenas o que sempre foram, ou seja, seres humanos. 

No projeto de Cristo todos possuem a mesma dignidade, não há hierarquias (…) Para o mestre dos mestres, ninguém é indigno e desclassificado por qualquer condição ou situação. 
Uma prostituta tem o mesmo valor que um moralista. Uma pessoa iletrada e sem qualquer tipo de cultura formal tem o mesmo valor que um intelectual, um versado escriba. Uma pessoa excluída tem o mesmo valor que um rei (…) 

Cristo teve uma atitude arriscada, corajosa e desafiadora. Ele fez escolhas incomuns para levar a cabo o seu complexo desejo. Escolheu um grupo de homens iletrados e sem grandes virtudes intelectuais para os transformar em engenheiros da inteligência e torná-los propagadores (apóstolos) de um plano que abalaria o mundo, atravessaria os séculos e conquistaria centenas de milhões de pessoas de todos os níveis culturais, sociais e econômicos…”

(Augusto Cury  em  “O Mestre dos Mestres”)
E um grande começo pode vir de um pequeno gesto... 
Apenas um passo!



«Escuto muitas vozes, mas escolho bem as que ouço pra valer.»
Carlos Bregantim



«Não ande espalhando mentiras no meio do povo, nem faça acusação falsa. Eu sou o Senhor. » ( Lv 19.15) 



«Como algumas sementes que só germinam em tempos apropriados, algumas pessoas tem seus próprios tempos pra florir!» Carlos Bregantim




"Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma". (Cora Coralina)




Ao invés de pedras, flores!!!








«Está escuro dentro de mim, mas junto a Ti há luz; eu estou sozinho, mas Tu não me abandonas; estou com medo, mas Tu me ajudas; estou inquieto, mas junto a Ti há paz. Em mim há amargura, mas em Ti quietude; eu não compreendo os teus caminhos, mas Tu conheces a minha vida!» Dietrich Bonhoeffer




«Senhor, Meu Deus, não tenho ideia para onde estou indo. Não vejo o caminho adiante de mim. Não posso saber com certeza onde terminará. Nem sequer, em verdade, me conheço. E o fato de eu pensar que estou seguindo tua vontade, não significa que realmente o esteja. Mas acredito que o desejo de te agradar te agrada, de fato. E espero ter esse desejo em tudo que estiver fazendo. Espero jamais vir a fazer alguma coisa distante desse desejo. E sei que, se agir assim, tu hás de me levar pelo caminho certo, embora eu possa nada saber sobre o mesmo. Portanto, hei de confiar sempre em ti, ainda que eu possa parecer estar perdido e sob a sombra da morte. Não hei de temer, pois tu sempre estás comigo, e nunca hás de deixar que eu enfrente meus perigos sozinho.»

Thomas Merton


«Quanto menos a gente julga os outros, mais a gente se enxerga; e quanto mais a gente se enxerga, menos a gente julga os outros.»





"Somente pela fé que antes olha para o próprio perdão que se recebe de Deus todos os dias..., é que alguém pode praticar o perdão como decisão de graça e como privilégio."




A Pipa e a Flor




Fiquei triste vendo aquela pipa enroscada no galho da árvore. Rasgada, ela girava e girava, ao vento, como se quisesse escapulir. Mas não adiantava. Você já viu aqueles bichinhos de asas, quando eles caem em teias de aranha? Era daquele jeito.

Tive dó. Pipa não foi feita para acabar assim. Pipa foi feita para voar. E é tão bonito quando a gente as vê, lá no alto.

Eu sempre quis ser uma pipa. Bem leve, sem levar nas costas nada que pese (o que é pesado puxa a gente para baixo...), papel de seda, taquara fina que enverga, mas não quebra, linha forte, um pouquinho de cola e, pronto ! Lá está a pipa, pronta pra voar.

As cores e as formas (que são tantas!) a gente escolhe aquelas que o coração está pedindo. Pipa, pra ser boa, tem que se parecer com os nossos desejos (e eu penso que as pessoas também, para serem boas, têm de ter uma pipa solta dentro delas).

Não é preciso vento forte. Uma brisa mansinha deve levá-la até lá em cima, perto das nuvens. É por isso que elas têm de ser bem leves. O vento chega, as folhas das árvores tremem, e lá vão elas subindo, pra dentro do vazio do céu.

Só que tem uma coisa gozada. Pipa, pra subir, tem de estar amarrada na ponta de uma linha. E a outra ponta é uma mão que segura. É assim que a pipa conversa, através da linha. A mão puxa a linha e sente a linha firme, puxando pra cima, querendo ir.

E a pipa dizendo: "Me deixa ir um pouco mais..."

Mas se a linha responde frouxa, é a pipa dizendo que está sem companheiro, o vento foi embora, e ela quer voltar pra casa.

Quando eu era menino, e me lembro, havia um homem.

Justo quando as pipas estavam lá em cima batizadas, carretilha sem mais linha para dar, ele vinha e comprava as pipas dos meninos. Pagava o preço justo. Só que o gosto dele era cortar a linha. Quem nunca brincou com elas vai pensar que, com a linha cortada, vão subir cada vez mais alto, nas costas do vento, sem nada que as segure. 

Mas não é assim. Quando a linha arrebenta, começam a cair. E vão caindo sempre, cada vez mais longe, tristes, abanando as cabeças...

O menino que a fez estava alegre, e imaginou que a pipa também estivesse. Por isto fez nela uma cara risonha, colando tiras de papel de seda vermelho: dois olhos, um nariz, uma boca.

Ô, pipa boa: levinha, travessa, subia alto. Gostava de brincar com o perigo, vivia zombando dos fios e dos galhos das árvores.

"Vocês não me pegam, vocês não me pegam..."

E, enquanto ria, sacudia o rabo em desafio. Chegou até a rasgar o papel, num galho que foi mais rápido, mas o menino consertou, colando um remendo da mesma cor.

Amigos, tinha aos montões. E os seus olhos iam agradando à todos eles, sempre com aquela risada gostosa, contando casos.

Mas aconteceu um dia, ela estava começando a subir, correndo de um lado para o outro no vento, olhar para baixo e viu, lá num quintal, uma flor. Ela já havia visto muitas flores. Só que desta vez os seus olhos e os olhos da flor se encontraram, e ela sentiu uma coisa estranha. Não, não era a beleza da flor. Já vira outras, mais belas. Eram os olhos.

Quem não entende pensa que todos os olhos são parecidos, só diferentes na cor. Mas não é assim. Há olhos que agradam, acariciam a gente como se fossem mãos.

Outros dão medo, ameaçam, acusam, e quando a gente se percebe encarados por eles, dá um arrepio ruim por dentro. Tem também os olhos que colam, hipnotizam, enfeitiçam.

A pipa ficou enfeitiçada. Não mais queria ser pipa. Só queria uma coisa: fazer o que a florzinha quisesse. Ah! Ela era tão maravilhosa. Que felicidade se pudesse ficar de mãos dadas com ela, pelo resto dos seus dias.

E assim, resolveu mudar de dono. Aproveitando-se de um vento forte, deu um puxão, arrebentou a linha e foi cair devagarinho, ao lado da flor.

E deu a sua linha para ela segurar. Ela segurou forte.

Agora, sua linha nas mãos da flor, a pipa pensou que voar seria muito mais gostoso. Lá de cima ela conversaria com ela, e ao voltar lhe contaria estórias que ela pudesse dormir.

E ela pediu: "Florzinha, me solta..."

E a florzinha soltou.

A pipa subiu bem alto e seu coração bateu feliz. Quando se está lá no alto é bom saber que há alguém esperando, lá em baixo.

Mas a flor, aqui debaixo, percebeu que estava ficando triste. Não, não é que estivesse triste. Estava ficando com raiva. Que injustiça que a pipa pudesse voar tão alto e ela tivesse de ficar plantada no chão. E teve inveja da pipa.

Tinha raiva quando via as pipas lá em cima, tagarelando entre si. E ela, flor, sozinha deixada de fora.

"Se a pipa me amasse de verdade não poderia estar feliz lá em cima, longe de mim. Ficaria o tempo todo aqui comigo..."

E à inveja juntou-se o ciúme. Inveja é ficar infeliz vendo as coisas bonitas e boas que os outros têm e nós não. Ciúme é a dor que dá quando a gente imagina a felicidade do outro, sem que a gente esteja com ele.

E a flor começou  a ficar malvada.

Ficava emburrada quando a pipa chegava. Exigia explicações de tudo.

E a pipa começou a ficar com medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer.

E a flor foi, aos poucos, encurtando a linha. A pipa não mais podia voar. Via, ali de baixinho, de sobre o quintal (esta era toda a distância que a flor lhe permitia voar) as outras pipas lá em cima.

E sua boca foi ficando triste. E percebeu que já não gostava tanto da flor, como no início.

Esta estória não terminou. Está acontecendo agora, em algum lugar. E há 3 jeitos de escrever o seu fim. Você é que vai escolher.

1. A pipa ficou tão triste que resolveu nunca mais voar. "Não vou te incomodar com meus risos, flor, mas também não vou te dar a alegria de meu sorriso."

E assim ficou amarrada à flor, mas mais longe dela do que nunca, porque o seu coração estava em sonhos de vôos e nos risos de outros tempos.

2. A flor, na verdade, era uma borboleta que uma bruxa má havia enfeitiçado e condenado a ficar fincada no chão. O feitiço só se quebraria no dia em que ela fosse capaz de dizer não à sua inveja e ao seu ciúme e se sentisse feliz com a felicidade dos outros. 

E, aconteceu que, um dia, vendo a pipa voar, ela se esqueceu de si mesma por um instante e ficou feliz ao ver a felicidade da pipa. Quando isto aconteceu, o feitiço se quebrou e ela voou, agora como borboleta, para o alto e os dois, pipa e borboleta puderam brincar juntos.

3.   A pipa percebeu que havia mais alegria na liberdade de antigamente que nos braços da flor. Porque aqueles eram braços que amarravam. E assim, num dia de grande ventania, e se valendo de uma distração da flor, arrebentou a linha e foi em busca de uma outra mão que ficasse feliz vendo-a voar nas alturas.

Rubem Alves.