terça-feira, 17 de março de 2015




Se você está na chuva, é para se molhar mesmo! 
É para sentir de fato, para viver de verdade, para existir sem qualquer entrave...
É triste estar sempre pela metade...
Molhando só o pé, receoso de tudo.
É lamentável ser incapaz de se entregar...
É pura perda de tempo passar apressado pelos dias...
Com uma sede de fim, uma impaciência, um desassossego que te impede de saborear as horas...
Está na chuva?
Pois se molhe, se purifique, sinta-se ungir por inteiro, seja um, com ela...
E com tudo que realmente importe!
Um consigo mesmo...
Pois há tantos desconectados até de si...
Um, com seus afetos...
Um, com a terra, e tudo que dela brota...
Um, com o universo!
Está na chuva?
Pois a bendiga...e a desfrute...e a respeite!
Pois assim, receberás o mesmo.
É agraciado e pleno...
Todo aquele que está disposto a encontrar graça no simples.
Todo aquele que compreende e deseja...
A ventura de banhar-se por inteiro...
De vida!~

Gi Stadnicki

Poemas




Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.

Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

Mário Quintana

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pare um pouco...


Parar. Refletir. Meditar. Pensar em coisas boas. 
Em busca do urgente, muitas vezes nos esquecemos do que verdadeiramente é importante. 
Trabalho, estudo, cursos, pós aqui e MBA ali, mestrado cá e doutorado acolá. Aula disso e aula daquilo. Capacitação. Aula de natação. Jornal matutino, telejornal vespertino, rádio para saber como está o trânsito, revista semanal para formar opinião política. E a vida segue.
São tantas as coisas que temos de fazer, tantos os compromissos, celular para atender, e-mail para responder, face para atualizar e ideias para (re) tuitar. E la nave va. Já é tarde, precisamos dormir; já é cedo, temos que acordar. Café ligeiro e almoço rápido, ceia às vezes. Quando dá. E se dá, deu! Se não, paciência, o urgente é que é quente; o chefe sempre tem que estar contente.
Cartão para pagar, aluguel vencendo, carnê do carro financiado, lojas isso, lojas aquilo, débito automático; imposto até o mês de maio. Tudo programático. No meio do ano passamos a existir, mas logo chega dezembro. Aí, o Papai Noel toma tudo o que é nosso. O pagamento? Em 12 vezes com juros, agora abaixo dos dois dígitos.
Meus filhos cresceram, meus anéis envelheceram. Minha esposa já não é a moça de outrora. Tenho dores a toda hora. E o tempo passa.
Alguns de nós só nos damos conta de que praticamente tudo já passou, aos 47 do segundo tempo. Ainda há tempo? Bem, se o juiz for legal, pode ser que haja preciosos minutos. Mas, certamente, muito pouco para decidir uma partida. E se a vida, assim como uma partida, é medida em tempo, para alguns mais e para outros menos, é hora refletir se estamos aproveitando o nosso tempo da forma mais proveitosa.

Que tempo dedicamos à família, ao descanso de qualidade, aos verdadeiros amigos, aos filhos e ao cônjuge de forma personalizada? Que tempo gastamos para refletir e meditar? Quanto valor damos aos anseios da nossa alma? [...]

Texto de Márcio Basso
***



* Procure ter momentos de qualidade reflexiva e espiritual. 

- Pare tudo. Acalme-se. Relaxe.

- Ore.

- Leia a Bíblia.

- Medite. 






“Cuide muito bem de seu tempo livre. Esses momentos são como diamantes não lapidados. Despreze-os, e seu valor nunca será conhecido. Melhore-os, e eles se tornarão as mais brilhantes jóias de uma vida útil”.
Ralph Waldo Emerson 

Algum dia...





Ouço muita gente dizendo: como a vida está corrida! A vida voa! Já estamos no mês de março! Nossa como voou!

Eu também percebo que a vida está voando, que não sou mais um garoto e que a cada dia as responsabilidades aumentam.

Por acaso você tem dito para você mesmo: Algum dia quanto tiver tempo de sobra, vou tentar uma jornada espiritual ou então: Algum dia vou viver com intensidade para Deus. Vou até me envolver com as coisas da igreja.

Será que esse dia chegará? Quando você acordará? A decisão virá quando?

Kerry e Chris Shook escreveram que: “Deus não planejou que ficássemos simplesmente à margem de tudo, vendo a vida passar enquanto imaginamos a razão de não estarmos mais satisfeitos. Deus nos criou para assumir riscos pela fé e para vencer gigantes que nos paralisam de medo”

Tome a decisão de se arriscar mais nos relacionamentos, de encontrar tempo para momentos com Deus e momentos de qualidade com seus familiares.

Luciano “Manga”





terça-feira, 10 de março de 2015




Se você é bem-sucedido, é bem possível que deixe uma herança para outros. Mas se você deseja criar um legado, então você precisa deixar alguma coisa nos outros. Quando você pensa desinteressadamente e investe em outros, tem a oportunidade de criar um legado que durará para sempre.




Parábola da Vida




A vida da gente é semelhante a uma casa no campo.
Rodeada de cores naturais pintadas sem pincel.
O campo é a Vida de tudo o que vive, mas a casa, uma dádiva de Deus que nós construímos incrustada no meio de tudo o que vive.

Nela cultivamos um jardim. Sem intenções de capitalizar. Não o fazemos por ser terapêutico, por exemplo, mas fazemos porque na imitação do Criador que fez o Grande Jardim em que todos vivem, também queremos produzir o belo e o bom.
Rodeamo-lo de uma pequena cerca, cujo objetivo é apenas proteger para que os animais não o destruam. Por isso não fazemos um muro. Não queremos nossa casa e nem o nosso jardim isolado, distante, mas participante.

Todas as manhãs, antes de irmos trabalhar o jardim, abrimos as janelas da casa. Queremos que a brisa que revigora a vida lá fora areje a vida aqui dentro. Deixamos as janelas abertas e assim aqui de dentro vemos tudo lá fora, e lá fora participa de tudo aqui dentro. Apesar da casa e do jardim serem obras nossas, tudo se integra. Tudo se torna vida.

É verdade que quando plantamos nosso jardim nem tudo é comestível, existem plantas que apesar de bonitas podem até serem venenosas. Mas assim é a vida. Ambígua, dependentes de contextos para avaliarmos se é bom ou ruim, amargo ou doce.

A casa é nossa vida, o jardim nossos atos, as janelas nossas orações e a brisa é o vento do Espírito que renova.

Interessante que ao abrirmos as janelas nos integremos com toda a realidade de fora, nossa vida lida com o real. Vemos os pássaros, as flores, os insetos, o tempo bom ou o tempo sombrio. Mas jamais deixamos de perceber a vida como ela é.

Quando as janelas estão abertas pode entrar em casa um beija-flor. Um beija-flor lá fora no jardim ou no campo é tão natural que quem mora no mato nem se deslumbra. Mas mesmo para aqueles acostumados a vê-los, quando entram em casa causam espanto, admiração, êxtase. Esta visita inesperada daquilo que é natural, podemos considerar como os milagres. As visitações de Deus. Não é algo de outro mundo, nem miraculoso por si mesmo, mas o inusitado nos faz perceber a maravilha da vida do mundo invadindo a nossa vida. Sinaliza-nos que o Deus presente e atuante no mundo é presente em nós.
Ninguém abre as janelas para entrar pássaros e nem faz de sua casa uma gaiola para pássaros, mas apenas abre-as para integração.

A casa é nossa vida, o jardim nossos atos, as janelas nossas orações, a brisa o Espírito, e o beija-flor o milagre.
Nada programado, tudo construído, tudo integrado: o mundo, nossa vida e Deus.

Bem aventurados os que fazem o bem, cultivam o belo e oram não para alcançarem benefícios, mas para fazerem de suas vidas, uma vida que vale a pena ser vivida.

Eliel Batista








"Se minha poesia pretende atingir alguma coisa, é libertar as pessoas dos limites em que se encontram e que se sentem." 

(Jim Morrison)

Entre a Alvorada e o Crepúsculo


Acordo. Abro a janela.  O sol invade o quarto sem pedir licença. A vida se adensa em torrente luminosa. Não percebo nada de extraordinário. Apenas a alegria de notar o dia escancarado. A alegria de viver é excepcional. Não existe mal capaz de sufocar o bem que surge assim, em absoluta gratuidade.
As vinte e quatro horas seguintes serão curtas.  A efêmera felicidade se mostrará mais forte que o poder do medo. – “Basta a cada dia seu próprio mal”. Com a alvorada renovou-se o mistério de me sentir renascido das cinzas.
Celebro a vida. Faço festa. Penduro bandeirolas nos salões de minha alma. Enfeito o rosto. Perfumo os braços. Acendo uma vela. Tiro a prataria da gaveta. Limpo as taças. Distribuo convites para uma roda de conversa. Promovo saraus para brincar com rimas.
Faço-me poeta, de tão contente. Se o lamento se intrometer, abraço o amigo. Permito que o velho que existe em mim fale seus aforismos. Respondo ao “por quê?” infantil de meu coração.
Não me condeno a esperar o próximo feriado. Grito ao vento um imperativo: todos os dias merecem atenção indivisível.
Diante do imponderável, quero mostrar-me destemido. Repito: o imprevisível não ameaçará. Não vou parar a minha dança porque alguém alertou sobre o perigo inevitável. Disponho-me a enfrentar qualquer despenhadeiro. Tento fugir das pretensões narcísicas. Todo novo começo é na verdade a continuação de muitas existências e histórias que me antecederam. Antes de mim, a vida já pulsava. Nunca saberei como terminará a corrida que me foi proposta. Sei com certeza que alguém me sucederá.
Convivo com o inferno e o céu que o outro representa. No próximo, encontro tormento e esperança. Seus olhos, frestas magníficas, revelam os monstros e os deuses que habitam as profundidades da alma. Eles são ao mesmo tempo espelhos do amor eterno e da barbárie terrena. Eu também sou o próximo de alguém:  santo e, simultaneamente, impuro. Vivem em mim personagens esplêndidos e sórdidos. Sou ator. Sei o dever de representar diversos papéis. Com maestria consigo transformar-me em herói e vilão. Muitas vezes erro na hora de trocar as máscaras. Conheço o segredo de Pandora e fui batizado no Espírito Santo. Adoro a Deus e simpatizo com a esperteza da serpente.
Nessa ambiguidade, desejo perceber beleza. Não quero ser indiferente à simplicidade das crianças que se beijam roçando o nariz duas vezes, ao altruísmo de quem ousa abrigar a prostituta enferma, ao empenho do enfermeiro que faz serão ao lado do moribundo, à resiliência da mulher que lava o marido que padece de Alzheimer, à doçura da filha que empurra a cadeira de rodas da mãe pelo parque.
Hoje o sol nasceu como um convite à meditação. Em algumas horas, no momento breve em que a noite engolir a luz, devo voltar a pensar na vida, em Deus, em mim. Farei um voto na viração do dia: – Deus, prometo, recitar poesia com a delicadeza que as palavras merecem; ouvir música de olhos fechados, do jeito que oro; e jantar com reverência, como se fosse a minha Última Ceia.

Ricardo Gondim





A Consciência do Perdão


Se alguém lhe feriu, saiba: será pior se cultivar esse sentimento eternamente. Um sentimento amargurado cultivado dentro da gente apodrece.

Perdoar não é pedir desculpas, vulnerabilizar-se, deixar que o outro te fira novamente, mas a capacidade de transcender o que passou, especialmente por saber que o “mau” se enraizará em você enquanto não for excluído de dentro.

É a consciência de que ninguém faz nada contra o outro sem que o feito deixe de refletir um atentado contra si mesmo. Quem te fez mal estava respondendo a uma demanda própria.

Saber disso nos liberta da tendência de autovitimização, tão impedidora do ato de perdoar.

Perdoar é deixar esse peso para trás, abrir mão de ser justiceiro, caminhar com leveza no presente. Quem resiste ao perdão vive em outro tempo, está preso no passado, portanto não será feliz.

Ser feliz é viver no agora, é daqui para frente, cada dia, cada passo.

Para se desprender da mágoa, desprenda-se de si mesmo. É preciso desprender-se do orgulho, da pena de você.

Para perdoar alguém perdoe-se por suas próprias culpas, seus ódios, seus medos.

Perdoe-se pelo que sente, pelo que não gosta em si mesmo, pelo peso que se impõe todos os dias, pelo olhar turvo, sua mesquinhez, sua tendência em repetir os erros. Em paz contigo jamais guerreará com ninguém.

Perdoe-se e desaprenderá a reter o veneno, será livre, enxergará, seguirá seu caminho e terá paz.

Por Flávio Siqueira




Súplica




Estreita é a casa de minha alma para que venhas até ela: que seja por ti dilatada. Está em ruínas; restaura-a. Há nela nódoas que ofendem o teu olhar: confesso-o, pois eu o sei; porém, quem haverá de purificá-la? A quem clamarei senão a ti? Livra-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo os alheios! Creio, e por isso falo. Tu o sabes, Senhor. Acaso não confessei diante de ti meus delitos contra mim, ó meu Deus? E não me perdoaste a impiedade de meu coração? Não quero contender em juízos contigo, que és a verdade, e não quero enganar-me a mim mesmo, para que não se engane a si mesma minha iniqüidade. Não quero contender em juízos contigo, porque, se dás atenção às iniquidades, Senhor, quem, Senhor, subsistirá?
Agostinho de Hipona
(Confissões, capítulo V)

“Porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo salvos e os que estão perecendo”- 2 Corintios 2:15 (Nova Versão Internacional)


“A percepção extraordinária e a sensibilidade excepcional de Jesus o capacitavam a ler o coração humano com clareza perspicaz. […] Jesus sabia o que machucava as pessoas. Sabia então e sabe agora. Ama com profundidade que escapa à compreensão humana.” Brennam Manning


«Para o seguidor de Jesus, a essência está em viver pela fé e não pela religião. Viver pela fé consiste em constantemente redefinir e reafirmar a nossa identidade com Jesus, medindo-nos a partir do padrão que é Ele - não medindo a Ele a partir dos nossos dogmas eclesiásticos e heróis locais.
Jesus é a luz do mundo. Na sua luz descobrimos que não é mera retórica o que Jesus exige, mas renovação pessoal, fidelidade à Palavra e conduta criativa. Como disse Emile Leger quando deixou a sua mansão em Montreal para viver numa colônia de leprosos na África: "A hora de falar acabou."»

Brennan Manning, em "A assinatura de Jesus"

Espiritualidade no dia-a-dia


"O caminho da espiritualidade tem de conduzir ao quotidiano.
Consiste simplesmente em fazer aquilo que é necessário, aquilo que devo fazer no momento, aquilo que devo a mim e ao meu ser, aquilo que devo ao outro e aquilo que devo a Deus. (...)
o objetivo de toda e qualquer espiritualidade é que Deus seja glorificado em tudo." Anselm Grün

Aves Migratórias




Nós somos aves migratórias.
O nosso ninho é apenas um abrigo passageiro.
Estamos a caminho de um outro país.
Somos aves migratórias,
e por isso não ficamos parados no ninho...
vivemos de olhos postos num outro destino.
É para lá que voamos,
com o coração pleno de ansiedade.
Mas os nossos anseios
não nos tolhem os movimentos.
Abrem-nos o coração
e deixam-nos respirar livremente.
Eles conferem dignidade humana à nossa vida.
Os teus anseios ajudam-te a conhecer a ti próprio.
Só há vida verdadeira
quando somos movidos por ideais.
É no lugar onde residem
esses teus ideais mais profundos
que se encontra o verdadeiro caminho para a vida;
só aí podes descobrir a vitalidade que te falta.
Não há nada na Terra - nem sucessos nem pessoas -
que possam acalmar a inquietação da nossa alma.
Só alcançaremos a paz quando
encontrarmos em nós a nascente da água que não se esgota,
a segurança e o abrigo de onde nunca seremos afastados
e um amor que nunca se apaga
nem se esvai por entre os dedos.
Anselm Grün

Sonhos de Infinito




Não te resignes nem te conformes
com o mundo tal como ele é.
Aceita o desafio
de abrir novas portas,
de cruzar novas fronteiras
e de alcançar um nova imensidão.

Só tem força para mudar algo no Mundo
quem alimenta os sonhos que tem.
Nós somos mais do que um corpo
dentro da pele que nos envolve.
Somos habitados por sonhos de infinito
que engrandecem o nosso coração
e podem mover montanhas.

Confia na esperança.
Ela dá-te uma alma grande.
Ela impele a tua alma
para que te concentres
no que tens a fazer
e possas, com toda a segurança,
reencontrar-te contigo próprio.

Anselm Grün, em "Em cada dia... um caminho para a felicidade"

Abre a Porta à Esperança




Ter esperança
é acreditar num futuro de redenção,
mesmo no meio das realidades mais tristes.
Ter esperança é não desistir de si próprio.
Ter esperança é confiar
que Deus pode transformar tudo.
Ele há-de encher a nossa alma de alegria,
se deixarmos que a Esperança
more no nosso coração.

Mantém a lucidez de espírito.
Não deixes que a tua alma seja toldada
pelas nuvens negras que passam
no firmamento do teu coração.

Quem consegue ver um raio de luz
por entre a neblina dos dias,
quem não deixa de acreditar na Luz,
mesmo que se encontre
na mais profunda das tristezas,
há-de encontrar no meio de todas as contrariedades
e da infelicidade o caminho para a libertação.
A capacidade de encontrar este caminho
nos momentos em que te sentes mais magoado,
desiludido ou desesperado
é o lado mais belo da arte de viver.

Cada um de nós carrega dentro de si
o paraíso para onde caminha.
E sendo assim, toda a caminhada
pode já significar uma antecipação do paraíso em si.
Mesmo que o céu da tua consciência
esteja coberto de nuvens negras
a anunciar tempestade,
nunca te esqueças que na tua alma
há um sol que brilha sempre.
O lugar que Deus habita dentro de ti
é um céu límpido e azul,
marcado pela claridade.

Anselm Grün, em "Em cada dia... um caminho para a felicidade"




"Vale a pena esperar, contra toda a esperança,
o cumprimento da Promessa que Deus fez a nossos
pais no deserto. Até lá, o sol com chuva, o arco-íris,
o esforço de amor, o maná em pequeninas rodelas,
tornam boa a vida. A vida rui? A vida rola mas não cai.
A vida é boa."

Adélia Prado








"O valor do amor está vinculado à soma dos sacrifícios que se está disposto a fazer por ele." Ellen G. White


"Extremos de sofrimento podem trazer à luz o melhor e o pior da natureza humana. O comportamento humano, em grande medida, espelha a total imprevisibilidade da vida ou da morte. Muitos soldados soviéticos, em especial nas formações de frente de batalha, diversamente dos que vinham atrás, comportaram-se freqüentemente com grande gentileza frente aos civis alemães. Num mundo em que a crueldade e o horror, onde toda a concepção de humanidade fora quase destruída pela ideologia, alguns poucos atos de gentileza e sacrifício pessoal, em geral inesperados, iluminam uma história que, de outro modo, seria quase insuportável."
(Antony Beevor)

70 ANOS DA LIBERTAÇÃO DE AUSCHWITZ




«Nós, que vivemos em campos de concentração, podemos recordar os homens que iam de caserna em caserna para confortar os outros, oferecendo-lhes o último pedaço de pão. Podem ter sido poucos, mas constituem prova suficiente de que tudo pode ser tirado a um homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas - a possibilidade de escolhermos a nossa atitude em quaisquer circunstâncias, de escolhermos a nossa maneira de fazer as coisas.»
Viktor E. Frankl, in O Homem em busca de um sentido




Eis o amor!
Inunda-nos de sentido e esvazia-nos de nós, que por vezes somos tão pesados a nós próprios.

"...talvez seja necessário despojarmo-nos de muitas coisas e tornar a vestir as vestes da inocência para que o amor nos possa ser revelado."
António Alçada Baptista em "O Riso de Deus"





"...até que Cristo seja formado em vós" (Gálatas 4.19)
«Ele age em nós de todas as maneiras. Mas, acima de tudo, ele age em nós por intermédio uns dos outros. Os homens são espelhos ou "transmissores" de Cristo para outros homens.
Geralmente são aqueles que conhecem a Cristo que o levam aos outros. É por isso que a Igreja, todo o conjunto de cristãos que revelam Cristo uns aos outros, é tão importante.»
C.S. Lewis

"Pra nada pode a gente aproveitar
Orar, cantar, louvar com devoção...
Se isso não se faz acompanhar
De amor a quem está só ou na opressão.
É coisa que não dá pra dividir:
O amor a Deus e a quem está junto a nós.
A prova de um é o outro...
E o tempo já chegou...
do amor de Cristo em nós se refletir!"

Se Necessário, Use Palavras...


Ao compartilharmos o evangelho, precisamos usar as palavras. Mas ainda mais importante é o nosso caráter e a nossa vida, que deve ser "conhecida e lida por todos" (2 Coríntios 3:2,3). Quando mantemos uma conexão viva com Cristo, Ele pode ser visto facilmente em nós e em nossos atos.

***


Fica o Que Somos...


Aquele senhor morava no mesmo bairro durante toda sua vida. A convite de um filho que morava em outra cidade, resolveu mudar-se. Enquanto arrumava suas coisas, uma vizinha veio visitá-lo. Com lágrimas nos olhos, perguntou-lhe:
-O senhor vai levar tudo?

- Não tenho muitas coisas. Acho que cabe tudo em duas ou três malas - respondeu ele.

- Mas há uma coisa que vai ter de deixar aqui, disse a mulher, fitando-o. O senhor não vai poder levar o exemplo que deixou entre nós.

Esse é o viver de um cristão. Muitos pensam em impressionar outros por seu conhecimento profundo ou por sua eloquência ou ideias arrojadas, mas o que realmente expressa Deus diante dos homens é nossa vida.

As nossas ideias poderão ser combatidas por outras, mas contra o que vemos, não há contestação. É fácil resistir à pregação de uma boa mensagem bíblica, mas é impossível resistir ao testemunho de uma vida entregue nas mãos de Deus.

"Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus (Atos 4.13).

Do Livro: Em Tudo, Uma Lição -  (E.A.V.)

"Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos."
Mc. 10.45

Quando olhamos para o nosso tempo, percebemos com muita clareza a necessidade evidente e gritante de sermos luz, apontando o caminho aos homens perdidos, anunciando o evangelho de Jesus. Vivemos dias altamente difíceis, repleto de violência e dor, em que o homem evidencia sua completa desestruturação existencial, dentro de total escuridão espiritual.
Deus nos chama para amar e servir! Jesus Cristo é o nosso maior modelo de amor e serviço. Ele se doou para que a humanidade obtivesse verdadeira oportunidade de vida. E Ele mesmo disse: "não vim para ser servido, mas para servir."
Atender as necessidades do outro é servir a Deus.
***

Aposentado, Ainda Não!


"Mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia". 2 Coríntios 4.16

Sou um octagenário e considerado aposentado de minhas funções vocacionais. No entanto, a questão é: "Serei mesmo?". Será que uma vocação é a busca de uma meta profissional específica? Ou será que minha vocação para usar meus dons para os propósitos de Deus é vitalícia - e, nesse caso, jamais me aposentarei?
Considere as instruções dadas pelo Senhor a Moisés a respeito dos levitas (Números 8.24.25). Os levitas deviam começar a servir aos 25 anos e se aposentar aos 50. Daí em diante, deveriam continuar ativos - só que não em sua função sacerdotal anterior. Sua função mudou para outra igualmente importante, que era a de ajudar os outros.
Tenho bem mais que 50 anos. Na verdade, tenho quase a mesma idade que John Wesley tinha, no século 18, quando escreveu em seu diário que estava sofrendo de graves problemas de saúde. Depois acrescentou:"No entanto, graças a Deus, não modero meu trabalho; ainda posso pregar e escrever". Não posso pregar, mas posso escrever um pouco e posso orar constantemente. Esta é a minha função!

John Eyberg (Oklahoma, EUA)

Ajude hoje a alguém!



"Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus Se agrada". Hebreus 13.16, NVI

Cada dia no qual despertamos é como um presente recém-embrulhado de Deus para nós - uma oportunidade de dar um abraço, um sorriso, dizer uma palavra de ânimo, fazer uma oração... ajudar alguém necessitado. Às vezes, tudo o que se exige são alguns momentos, mas eles podem fazer um mundo de diferença para alguém que enfrenta desafios difíceis e que simplesmente precisa saber que alguém se importa com ele.
Às vezes, ficamos tão imersos em nosso mundinho que deixamos escapar oportunidades áureas de ajudar alguém. Que o Pai nos abra os olhos para aqueles que necessitam de nossa ajuda!

***




"Quando não ouvimos e obedecemos o Evangelho do Senhor Jesus que veio para nos dar vida para além da mediocridade e da morte, nossos caminhos e projetos vão dar num buraco, na bagunça, em briga, na barbárie, brutalidade, baixaria, besteirol, banimentos, bitolamentos.
O que Ele pede de nós? Que aprendamos com seu exemplo, e que amemos com generosidade as pessoas. Quem ama, cumpre a lei (vontade) de Deus."

Por Ronan Boechat

Deus é Melhor do Que Suas Dádivas


"Vivemos numa geração que corre atrás das bênçãos de Deus em vez de buscar o Deus das bênçãos. Procuram a Deus pelo que Deus dá e não por quem Deus é. Essa é uma religiosidade centrada no homem e não em Deus. É uma religiosidade antropolátrica, distante da direção de Deus para sua vida. Deus é melhor do que suas dádivas. O Deus das bênçãos é melhor do que as bênçãos de Deus".
Hernandes Dias Lopes

Dois Tipos de Sabedoria



Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior. A sabedoria inferior é dada por tudo o que uma pessoa sabe, e a superior é dada pela consciência do que não se sabe. Os verdadeiros sábios são os mais convictos da sua ignorância. Desconfiem das pessoas auto-suficientes. O orgulho é um golpe contra a lucidez, um atentado contra a inteligência.

A sabedoria superior tolera; a inferior julga; a superior alivia, a inferior culpa; a superior perdoa, a inferior condena. Na sabedoria inferior há diplomas, na superior ninguém se diploma, não há mestres nem doutores, todos são eternos aprendizes.
Que tipo de sabedoria controla a tua vida?

Augusto Cury, O Mestre do Amor

Boas Dicas...


Queira uma vida cheia de Vida... cheia de Graça.

Algumas dicas para tal:


 - Seja pacificador. 

Um pacificador se esforça pela qualidade de seus relacionamentos. Quando faz isso com dedicação é acolhido pelo seu próximo como um irmão. 


 - Cultive amor, não mágoa. 

A mágoa nos afasta um dos outros e com o passar do tempo tende a ganhar em nosso coração o espaço destinado à mais elevada vocação humana: amar.


 - Não carregue culpa. 

A culpa deve permanecer por um breve momento e única função: despertar a consciência para melhorarmos e construirmos caminhos mais bonitos. Portanto, sempre canalize a energia da culpa para ser uma força de transformação de erros em maturidade.


 - Valorize a vida adequadamente. 

Valorize-a pelo fato de ser a única vida que você possui e não por conquistas ou méritos. A vida não consiste dos bens que se possui, mas de como se vive a vida.


- Estabeleça um bom critério para suas decisões. 

Não tome decisões pelo critério do pode ou não pode, mas sim, se você quer os desdobramentos e consequências de seus atos e decisões.


- Não corra atrás da felicidade, produza-a. 

A gente produz a felicidade vivendo com inteireza aquilo que constitui a própria existência: alegrias e tristezas. Então, celebre as alegrias e chore as tristezas, sempre partilhando com seus amigos, pois ao dividir essas coisas você estará abrindo seu coração, compartilhando a vida. E a vida só é vida quando dividida, pois ao dividi-la ela é multiplicada, gerando mais vida.

***

Confesso Que Vivi




Edith Piaf, uma cantora francesa com uma vida muito sofrida, iniciou cantando nas ruas de Paris, como muitos artistas e músicos que até hoje vemos em ruas e metrôs. Perto do fim de sua vida gravou uma música que me chama a atenção: "JE NE REGRETT RIEN- Não, não lamento nada. Não me arrependo de nada, nem do mal que me fizeram, nem do bem. Tudo é igual para mim. Não, nada de nada!"
Interessante observar que certas atitudes que tomamos na vida podem nos levar adiante repetindo os mesmos erros, ou presos por atos cometidos que nos prejudicaram ou ao próximo.
Nos dois casos, tanto viver sem se arrepender pode causar mal, como viver em constante lembrança dos erros podem nos congelar e cristalizar em posições impotentes sem conseguir levar a vida adiante.
Se por um lado, não se arrepender do mal que fez aos outros pode gerar cinismo e uma consciência quase que psicopata: sem sentimentos por si mesmo ou pelo mal que causa aos outros; como lembrar-se constantemente do mal-feito pode lhe paralisar e lhe mergulhar em uma depressão, imobilizando-lhe ou em auto-comiseração, como uma criança deitada no chão lambendo suas próprias feridas depois de uma queda.
Em nosso trajeto assumimos riscos, cometemos erros, acertamos algumas vezes. Para continuar vivendo, navegar é preciso, já afirmava Fernando Pessoa. Sem apegos ao passado, nem remorsos paralisantes no presente, podemos olhar para trás e verificar o que nos arrastou para o erro, tentar consertar, não repeti-lo, e viver o presente com a consciência do outro, sempre pensando em não fazer com ele o que não gostaríamos que fizesse conosco.
Olhando para trás,visualizo pessoas que me magoaram tremendamente, como também outras que me trouxeram enormes alegrias. Algumas levantaram minha auto-estima, outras me feriram profundamente. Algumas me fizeram sentir amada, outras desprezaram meu amor. Algumas com seus pequenos gestos me animaram a continuar vivendo, outras me tiraram o prazer de viver. Contudo, com a atitude esperançosa de que o melhor sempre está por vir, posso afirmar como um dos meus poetas prediletos: Pablo Neruda: Confesso que vivi.
Não posso afirmar como Edith Piaf, Je ne regret rien. Se eu pudesse, muita coisa que fiz não teria feito. Consertaria meus caminhos com a sabedoria que tenho hoje, que bom que tivéssemos quando jovens a sabedoria e a experiência que os anos nos presenteiam. Contudo, é justamente isso que os anos fazem: trazem-nos mais (pelo menos deveriam trazer) sabedoria, experiência e um pouco mais de juízo, eu diria.
O bom da vida é poder afirmar: entre o passado e o presente, confesso que vivi. O importante é viver, mas mais importante ainda é gostar de viver.
Silvia Geruza F. Rodrigues






“A modernidade não excluiu  Deus do universo. Simplesmente tornou mais difícil manter uma consciência da presença de Deus numa cultura que crescentemente o ignora” (Kenneth A. Meyers)

Os Convidados para o Banquete de Deus





COMO FAZER PARA AGRADAR A DEUS SEGUNDO O SALMO 15
(Bíblia - A MENSAGEM)

Perguntando a Deus como fazer para ter maior comunhão com Ele, Davi perguntou em oração: “Senhor, que faço para jantar em tua casa? O que queres que eu faça para ser teu convidado?”
Ao que Deus replicou: Para que tenhas maior comunhão comigo, é muito fácil: Ande direito, faça o que é certo, fale a verdade. Não machuque seu amigo, isto é, seja fiel e leal a ele; não acuse o seu próximo, não fales mal dele se não sabes falar bem dele, defenda-o, tente saber a verdade dos fatos, não se envolva em falsas acusações e falatórios sem antes falar com ele; menospreze aquilo que é desprezível.
Seja um homem ou mulher de palavra, mesmo quando tiver prejuízo. Honre suas promessas. Não busque seu prazer e somente seu próprio bem-estar.
Viva honestamente e jamais aceite propina, nem que isso lhe enriqueça, ou lhe deixe mais rico, pois é o mesmo que roubar do pobre e do que paga seus impostos. Aja com justiça.
Agindo assim, você sempre terá lugar à minha mesa, e banquetearemos juntos com muita alegria, porque sua consciência estará sempre limpa e leve e você conseguirá dormir em paz.

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Tava indo rápido de mais na vida...resolvi tirar o pé e apreciar as coisas ternas e pequenas, descobri ser mais encantadoras! Quer saber? Conto na próxima poesia!
Alex  Faria


Sem Tempo de Pensar em Amar




Já imaginou um mundo onde não se tem tempo para pensar em amar? O amor, sentimento mal-entendido; mal-vivido; mal-experimentado; mal-interpretado; mal-utilizado.
Como seres humanos sociais necessitamos do toque, do carinho, do afeto... do amor. Existem seus extremos: pessoas que amam demais; pessoas que não sabem amar; pessoas desenganadas pela falta de amor; pessoas desencantadas do amor. Na maioria das teorias de Freud, o sexo é vital. Na minha teoria sobre a vida, o amor é vital. Creio que tirei de algum livro. Deixe-me tentar lembrar: ah, um livro chamado Bíblia que define Deus com uma palavra: Amor. Deus é amor. Se o Criador é amor, imagino que Ele espere que toda atitude, toda escolha nossa seja feita tendo o amor em perspectiva.
O que tornou o mundo tão acelerado que não nos dá tempo para pensar no amor e nem amar? O que buscamos que é mais importante do que o amor? O que digo quando pronuncio a palavra amor? Não me refiro ao amor novelesco, melodramático mostrado pela mídia em livros, telenovelas, filmes ou romances. Nem o amor que cresce do porno (necessidade a ponto de devorar); Eros (muitas vezes um desejo a ponto de ter sexo com quem se oferecer ou eu puder “pegar”) e nem ao Ágape (um amor que não existe nada em troca- que se doa sem retorno- este creio ser possível somente de Deus para com os homens).
Refiro-me ao amor em sua integridade, onde valoriza-se o ser amado e se quer o melhor para ele ou ela. Refiro-me ao amor cumplicidade, onde se pode confiar no outro e se tem a confiança do outro de que no momento de separação ou ira não se expõe a intimidade do outro aos olhos ou ira pública.
Refiro-me ao amor Philia intercalado com Eros, Storge (carinho) e ágape, mas humano. Aquele no qual se consegue perdoar os defeitos do outro e ajudá-lo a crescer em todas as áreas de sua vida.
O que o mundo pós-moderno fez com as pessoas que os leva a trabalhar incessantemente para obter coisas, e lhes rouba a capacidade de ter tempo para pensar em amar?
Atualmente, o ter tomou o lugar do ser. Crianças “necessitam” de smartphones, bicicletas elétricas, velocípedes elétricos, mini carros elétricos, purfy (um animal feio de pelúcia que pode ser alimentado e cuidado via celular, que custa quase um salário mínimo no Brasil), coleção de bonecas para decorar o quarto, deixando-o até pequeno para tantos brinquedos da moda. E o amor, o afeto, o toque e o tempo brincando com os pais? Trabalham-se horas incessantes para dar “mimos” para os filhos, quando o essencial lhes falta. Diálogo, amor, brincadeiras que nem custariam tanto quanto os brinquedos eletrônicos, os videogames atualizados e hot zone de shoppings onde as crianças se divertem com mais jogos.
Desculpem-me lhes reportar à minha infância: brincávamos de pega-pega na rua; queimada (jogava a bola para o alto e todas as crianças corriam, quem pegasse a bola tentava pegar uma outra criança e esta seria a próxima a tentar “queimar” a outra e assim por diante); bandeirinha ou pique-bandeira (dois times tentando pegar uma bandeira no campo do outro time); contar até dez com o rosto encostado na parede enquanto os outros corriam e se escondiam; brincar de roda; macaca; pular corda; tênis de mesa, estátua…enfim, todas as brincadeiras que não custavam nada, no meio da rua com outros coleguinhas.
Televisão somente até as 20:00 porque tínhamos que acordar muito cedo para ir à escola, que, diga-se de passagem, não admitia atrasos mais de 15 minutos. E íamos alegres, pois lá nos encontrávamos com os colegas, e repetíamos os mesmos jogos da rua durante o intervalo. Levávamos nossas merendas nas lancheiras. Sanduíche, um ovo cozido, suco caseiro… Não havia cantina, lanchonete, porque os pais faziam os lanches de seus filhos em casa, muito mais econômico.
Hoje, os celulares e ipads e laptops invadiram o social. Os amigos de longe esvaziaram os diálogos com quem está presente. Em qualquer restaurante que se vai podem-se observar adolescentes, adultos, casais, famílias inteiras entretidas cada uma com seu celular, mensagens, facebook, etc. e o diálogo já foi para o espaço. Em reuniões familiares festivas: natal, ano novo, aniversários, até mesmo infantis o celular e estes “gadgets” (brinquedos eletrônicos) tomaram o espaço da brincadeira, das conversas jogadas fora, das piadas, das fofocas colocadas em dia…
Questiono-me o por quê da troca do real pelo virtual: o virtual pode ser inventado. Não se precisa ser quem realmente se é. Pode-se inventar qualquer coisa: nome, profissão, até mesmo sentimentos, contanto que conquiste o do outro lado, que por sua vez também não aceitando quem é na realidade, ou quem pensa que é, cria um mundo virtual mais agradável, menos comprometedor e mais prazeroso. Na vida real existe a possibilidade de crescer, roçando ombro a ombro, olhando nos olhos, sendo confrontado com suas sombras. Isto não é nada agradável.
Contudo, neste mundo que exige tanto do ser humano e lhe dá tão pouco de real e duradouro, ainda bato na tecla de que o amor, o toque, o afeto e a troca entre seres humanos é mais saudável, do que toda esta tecnologia e consumismo que nos cerca.
Se pudesse lhe dizer algo para gravar em sua mente, seria: Pare de correr atrás de objetos materiais, e arranje tempo para pensar em amar! A vida pode ser aproveitada e boa nas coisas mais simples!

Texto de Silvia Geruza F. Rodrigues






Imperativos


Seja triste, nunca amargo.
Seja introspectivo, jamais solitário.
Seja crítico, nunca azedo.
Seja cético, jamais cínico.
Seja complicado, nunca intolerável.
Seja sincero, jamais inconveniente.
Seja veemente, nunca agressivo.
Seja alegre, jamais leviano.
Seja grave, nunca iracundo.


Por  Ricardo Gondim

segunda-feira, 9 de março de 2015


« Não podemos desfrutar sozinhos do amor de Deus, mas precisamos deixá-lo fluir para outras pessoas. Caso contrário ele é interrompido, acabando seu espaço de ação. O amor de Jesus não retém, como muitas vezes nosso amor o faz; ele doa. Por um amor assim, que liberta e entrega, que por nós morre e se dá sem limites, aspiramos na profundeza de nosso coração.

Diante do Cristo crucificado sentimos que somos incapazes de amar de verdade. Nosso amor muitas vezes se mistura com o desejo de "ter o outro para nós", de possuí-lo. Queremos segurá-lo para que jamais nos abandone, não percebendo como lhe tiramos o ar de que precisa para respirar, como lhe roubamos a possibilidade de continuar se desenvolvendo, a fim de que possa se tornar ele mesmo. Queremos, muitas vezes, moldar a pessoa amada e coagi-la a entrar na forma que nos parece mais aprazível.

O gesto da cruz expressa o contrário: é um amor que nos permite ser livres; que nos convida a deixarmos ser abraçados, mas que também nos deixa soltos para trilhar nosso próprio caminho em liberdade.»

Anselm Grün






EU POSSO SEMPRE ESCOLHER, MAS DEVO ESTAR CIENTE DE QUE SE NÃO ESCOLHER, ASSIM MESMO ESTAREI ESCOLHENDO. SARTRE



O sofrimento é uma das forças potencialmente mais criativas na natureza.





"Saber a calma para ir.

Perder a pressa para estar.
Perder o verbo para si.
Saber o sonho para lá.
Ouvir a rima para dor.
Cantar a nota para o céu.
Achar a forma para a flor.
Naturalmente para Deus."








Nosso coração está cheio de som.
As batidas que saem dele se confundem com os graves e agudos da melodia que criamos interiormente.
A música preferida é só uma chave para percebermos em que ritmo estamos naquele momento.
Vivemos de ritmos e produzimos sons o tempo inteiro.
Quando você está no trabalho, em casa, na rua, em todos os lugares, em cada coisa que toca, deixa ali um pouquinho da sua melodia.
Diga-me: o que tem te tocado ultimamente ?
Que tipo de som tem coincidido com o que sai de você, a ponto de criar identificação ?
Você é a música.
Acerte o compasso.
Regule os graves, médios e agudos e afine o que está desafinado. Como todo compositor, talvez você precise de inspiração.
Preencha os olhos, ouça o que é bom, alimente seu coração e, naturalmente, componha boa música.
Acredite na possibilidade de novos ritmos.
Ás vezes é necessário mudar a frequência.
Mexa em sua programação, acerte-se consigo mesmo e produza novos sons.
Talvez seja isso que esteja faltando para colher frutos melhores e se acertar consigo mesmo.
Você é o compositor!
Flávio Siqueira

sábado, 7 de março de 2015

A música popular perdeu o tom




Nos últimos dias de sua vida, Tom Jobim pedia a sua irmã Helena para que lesse o Salmo 23, aquele do “O Senhor é meu pastor e nada me faltará...”. Olhando a obra musical de Tom, o que não falta é música que parece ter a centelha da arte mais divina.

Sua combinação de melodia enganosamente simples com harmonização rigorosamente complexa trouxe à música popular brasileira um sabor diferente, um jeito diferente, uma nova bossa.

Até o advento de “Ai seu eu te pego”, hit do Michel Teló, a canção brasileira mais conhecida no exterior era “Garota de Ipanema”. Assobie essa canção e perceba como a melodia sobe e desce sem esforço, como o desenho de ondas. Pode ter sido um achado genial involuntário, mas vindo de Tom, quem pode duvidar de que o balanço do mar e da garota que passa foram inscritos delicadamente na melodia sinuosa?

E a melodia de “Desafinado”, difícil e bela como a harmonia? E "Corcovado", em que a melancolia inicial de “Um cantinho, um violão” que deságua na alegria contida de “Ao encontrar você eu conheci o que é felicidade, meu amor”? E o encanto da repetição de letra, melodia e harmonia de “Águas de Março”?

No princípio, era “Chega de Saudade”. E a saudade se fez letra e música. As duas estrofes iniciais, uma queixa do amor distante, estão na tonalidade de Ré menor. No refrão, que promete o aconchego, a conjunção dos amores, a tonalidade passa para Ré Maior.

O clichê musical que associa tonalidade menor à tristeza e a maior à alegria ganhava, lá em 1958, uma obra-prima. Tudo feito com discrição e sofisticação. Afinal, isso é bossa nova, isso é muito natural.

Em Tom, o simples nunca é óbvio. Por causa da harmonização requintada, o simples ficava elegante. O “Samba de uma nota só” é o retrato em branco e preto do gênio jobiniano.

“Eis aqui esse sambinha feito numa nota só”, começa a canção, essa parte sendo cantada, de fato, repetindo-se a mesma nota. A letra avisa: “Outras notas vão entrar, mas a base é uma só”, e isso vai se confirmando musicalmente.

Lá na frente, a letra diz: “Já me utilizei de toda a escala e no final não sobrou nada”.  Isso é cantado num passeio por diversas notas, subindo e descendo, até que se canta:

“E voltei pra minha nota, como eu volto pra você”, voltando-se à nota repetida do início.

Quando analiso com os estudantes essa canção nas aulas de História da Música Brasileira, nossa percepção é a mesma: a carpintaria genial de Tom se camufla de simplicidade.

Mas há também um outro Tom Jobim, o compositor do formidável “Urubu”, disco-síntese de sua obra musical com canções sobre seus temas principais (a natureza, o afeto, a mulher) e belas peças orquestrais. Nesse álbum, o popular parece erudito e o erudito tem acesso popular.



Tom foi daqueles compositores que souberam fundir os elementos da matriz musical brasileira com os caracteres da musicalidade que chegava do exterior. Em Tom, o deslocamento da acentuação rítmica no compasso (a síncope) achava uma melodia tão cheia de curvas como a arquitetura feminina de Niemeyer.

A sedução melódica de Tom encontrou nos versos afetuosos de Vinicius de Moraes o casamento ideal. Eles estavam mais interessados na felicidade do amor presente do que em cantar o amor que se foi. Não por acaso, eles geraram “Chega de Saudade”.

Em Tom, o Brasil ficava ainda mais bonito. Mas já passaram 20 anos de sua morte e a música brasileira atualmente mais conhecida no mundo mostra que a moda é o funknejo de uma onamatopeia só [ou, pra quem entender, de uma progressão harmônica só: VIm – IV – I – V) .

Harmonia simplificada, letra despoetizada, a natureza desencantada, o amor vulgarizado. Saímos do tom!



Por  Joêzer   ( Músico, Professor na PUC PR e autor do Livro: "Música e Religião na Era do Pop" - Ed. Appris)