sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Silêncio

Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus. Salmo 46.10




*Glória Durichek Gyure
Minha jornada com o silêncio e meu relacionamento com Deus começaram com duas experiências profundas. Eu vivia na Bavária em 1978, quando meu pai veio fazer uma visita a fim de descobrir suas raízes. Seus pais haviam emigrado da Eslováquia para o que hoje é a Croácia, no fim dos anos 1800. Mas queria chegar às suas raízes na terra natal. Fomos a Bratislava, agora capital da república da Eslováquia, mas, na época, sob governo comunista. Como parte da nossa visita, fomos a uma igreja católica, o único templo aberto. O interior era pré-Primeira Guerra Mundial, e mais provavelmente ao estilo de meados do século 19. Enquanto estávamos sentados num banco, chegaram algumas pessoas mais idosas, principalmente mulheres, ajoelharam-se e oraram. O sentimento de devoção era profundo. Aquele era, realmente, um espaço sagrado, e as pessoas vinham ali para comungar com Deus - em silêncio e reverência.

A segunda experiência foi quando estive em Tenebrae, que significa "trevas" ou "sombras", e durante séculos se aplicou aos antigos cultos monásticos da noite e do início da manhã, dos três dias antes da ressurreição.
Os cultos começam com velas acesas, cada uma das quais é apagada após um hino meditativo e um período de silêncio. Por fim, a vela grande, representando a Cristo, é levada para fora, e o templo fica em total escuridão.
A reverência que senti naquele templo escuro e silencioso era palpável.
A princípio, durante os momentos de silêncio, comecei a orar, mas então percebi que as palavras eram supérfluas. Eu precisava deixar que Deus falasse e me envolvesse no escuro silêncio.
Depois do último hino, o órgão tocava um barulho alto, representando a pedra sendo rolada para lacrar o sepulcro de Cristo. Uma iluminação velada surgia, e éramos deixados em silêncio.

Quando entrei no carro e voltei para casa, senti que meu tempo com Deus não havia terminado. Dirigi para casa, envolta pela presença de Deus, e também sentindo mais que nunca Sua presença viva dentro de mim.

Sim, podemos encontrá-lo no silêncio. 
Ele fala conosco por intermédio da eloquência do silêncio.

Madre Tereza disse: "Precisamos encontrar Deus, e Ele não pode ser encontrado no ruído e na agitação. Deus é amigo do silêncio. Veja como a natureza cresce no silêncio - árvores, flores, gramas; veja as estrelas, a Lua e o Sol, como se movem silenciosamente. Necessitamos do silêncio para poder tocar as pessoas."


*Glória Durichek Gyure é professora de inglês aposentada, escritora e editora na área técnica e engenheira de sistemas. Mora em Denver, Colorado. Ama a jardinagem, leituras, viagens e reflexões sobre a vida e sobre Deus e sua bondade que faz com que valha à pena viver.

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