terça-feira, 10 de março de 2015

Parábola da Vida




A vida da gente é semelhante a uma casa no campo.
Rodeada de cores naturais pintadas sem pincel.
O campo é a Vida de tudo o que vive, mas a casa, uma dádiva de Deus que nós construímos incrustada no meio de tudo o que vive.

Nela cultivamos um jardim. Sem intenções de capitalizar. Não o fazemos por ser terapêutico, por exemplo, mas fazemos porque na imitação do Criador que fez o Grande Jardim em que todos vivem, também queremos produzir o belo e o bom.
Rodeamo-lo de uma pequena cerca, cujo objetivo é apenas proteger para que os animais não o destruam. Por isso não fazemos um muro. Não queremos nossa casa e nem o nosso jardim isolado, distante, mas participante.

Todas as manhãs, antes de irmos trabalhar o jardim, abrimos as janelas da casa. Queremos que a brisa que revigora a vida lá fora areje a vida aqui dentro. Deixamos as janelas abertas e assim aqui de dentro vemos tudo lá fora, e lá fora participa de tudo aqui dentro. Apesar da casa e do jardim serem obras nossas, tudo se integra. Tudo se torna vida.

É verdade que quando plantamos nosso jardim nem tudo é comestível, existem plantas que apesar de bonitas podem até serem venenosas. Mas assim é a vida. Ambígua, dependentes de contextos para avaliarmos se é bom ou ruim, amargo ou doce.

A casa é nossa vida, o jardim nossos atos, as janelas nossas orações e a brisa é o vento do Espírito que renova.

Interessante que ao abrirmos as janelas nos integremos com toda a realidade de fora, nossa vida lida com o real. Vemos os pássaros, as flores, os insetos, o tempo bom ou o tempo sombrio. Mas jamais deixamos de perceber a vida como ela é.

Quando as janelas estão abertas pode entrar em casa um beija-flor. Um beija-flor lá fora no jardim ou no campo é tão natural que quem mora no mato nem se deslumbra. Mas mesmo para aqueles acostumados a vê-los, quando entram em casa causam espanto, admiração, êxtase. Esta visita inesperada daquilo que é natural, podemos considerar como os milagres. As visitações de Deus. Não é algo de outro mundo, nem miraculoso por si mesmo, mas o inusitado nos faz perceber a maravilha da vida do mundo invadindo a nossa vida. Sinaliza-nos que o Deus presente e atuante no mundo é presente em nós.
Ninguém abre as janelas para entrar pássaros e nem faz de sua casa uma gaiola para pássaros, mas apenas abre-as para integração.

A casa é nossa vida, o jardim nossos atos, as janelas nossas orações, a brisa o Espírito, e o beija-flor o milagre.
Nada programado, tudo construído, tudo integrado: o mundo, nossa vida e Deus.

Bem aventurados os que fazem o bem, cultivam o belo e oram não para alcançarem benefícios, mas para fazerem de suas vidas, uma vida que vale a pena ser vivida.

Eliel Batista




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