terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A Escola de Cristo


“A escola da existência de Cristo possui incomuns características; não é uma escola de pensamento, filosófica, de regras comportamentais, de ensino religioso-moralista e nem de aperfeiçoamento do caráter. O projeto de Cristo era muito mais complexo e ambicioso. As biografias de Cristo revelam que Ele não queria reformar o homem, mas produzir uma transformação no seu interior, reorganizar intrinsecamente a sua capacidade de pensar e viver emoções. 

Cristo queria produzir um novo homem. Um homem solidário, tolerante, que supera as ditaduras da inteligência, que se vacina contra a paranóia do individualismo, que aprende a cooperar mutuamente, que aprende a se conhecer, que tem consideração pela dor do outro, que aprende a perdoá-lo, que se interioriza, que se repensa, que se coloca como aprendiz diante da vida, que desenvolve a arte de pensar, que expande a arte de ouvir, que refina a arte de contemplação do belo (…) 

Ele não queria melhorar o homem, mas mudar a sua natureza intrínseca. A escola da existência de Cristo era muito diferente de uma escola clássica. Não tinha muros nem espaço físico definido. Erguia-se nos lugares menos clássicos: no deserto, à beira-mar, nos montes, nas sinagogas judaicas, no pátio do templo de Jerusalém, no interior das casas. Erguia-se também nas situações menos clássicas: nos jantares, nas festas, numa conversa informal…Cristo não tinha preconceitos. Ele falava em qualquer sítio com as pessoas. 

Não perdia uma oportunidade para levar o ser humano a se interiorizar. Por onde passava atuava como mestre e iniciava a sua escola. Nesta não havia secretária, carteiras, lousas, giz, computadores ou estratégias pedagógicas. A sua técnica eram as suas próprias palavras, os seus gestos e os seus pensamentos (…)
Cristo mesclava-se com os seus alunos, entrava na história deles. Não havia um fosso entre o mestre e os seus alunos. As histórias deles cruzavam-se. 

Por intermédio desse viver íntimo e aberto Ele conquistava-os e conhecia as angústias e necessidades de cada um. Aproveitava cada circunstância, cada momento, cada erro e dificuldade dos seus alunos para os conduzir de forma a repensarem e reorganizarem as suas histórias. Na escola de Cristo não há reis, políticos, intelectuais, iletrados, moralistas e imorais. São todos apenas o que sempre foram, ou seja, seres humanos. 

No projeto de Cristo todos possuem a mesma dignidade, não há hierarquias (…) Para o mestre dos mestres, ninguém é indigno e desclassificado por qualquer condição ou situação. 
Uma prostituta tem o mesmo valor que um moralista. Uma pessoa iletrada e sem qualquer tipo de cultura formal tem o mesmo valor que um intelectual, um versado escriba. Uma pessoa excluída tem o mesmo valor que um rei (…) 

Cristo teve uma atitude arriscada, corajosa e desafiadora. Ele fez escolhas incomuns para levar a cabo o seu complexo desejo. Escolheu um grupo de homens iletrados e sem grandes virtudes intelectuais para os transformar em engenheiros da inteligência e torná-los propagadores (apóstolos) de um plano que abalaria o mundo, atravessaria os séculos e conquistaria centenas de milhões de pessoas de todos os níveis culturais, sociais e econômicos…”

(Augusto Cury  em  “O Mestre dos Mestres”)

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