sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Terra em Transe - ( de Gladir Cabral, na voz de Airô Barros)




Se era pra matar,
Por que deram os nomes aos bichos?
Se era pra cortar,
Por que tanto estudaram as plantas?

Se era pra revirar a terra
E cimentar o campo
Empacotar o vento
Plastificar o encanto

Se era pra morrer
De cansaço na beira do asfalto,
Se era pra esquecer
A beleza da água no salto,

Se era pra derramar o vinho
E semear o pranto
Emudecer o pinho
E sufocar o canto

Se era pra perder
Por que foram buscar a esperança?
Se era pra correr
Por que foi que chamaram pra dança?

Se era pra desejar o muito
E usufruir o pouco,
Acalentar o intento
E acabar tão inerte e louco

Se era pra não ser
E evitar a questão do poeta
Se era só pra ter
E virar um produto em oferta

Se era pra ver a Terra em transe
A calçada cobrindo o mangue
A mata vazando sangue
E a cobiça fazendo a festa

Não é para responder
É apenas para se repensar
E quem sabe recomeçar
Replantar / Refazer

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