segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O Pão Que Veio do Céu


"Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo." 1 Reis 19.6

*Ester Figueiredo Araújo
Éramos os primeiros residentes do bairro Alvorada I, em Manaus, Amazonas. Meus pais receberam terras do governo, e meu pai construiu um barraco na Rua Oito. "Era uma casa muito engraçada. Não tinha paredes, não tinha nada." Morávamos todos juntos: minha tia Maria, meus pais e minhas quatro irmãs. Eu tinha apenas 4 anos de idade, mas ainda me lembro.
Um dia, meu pai voltou do trabalho para casa. Nós crianças, esperávamos ansiosamente. Sabe, não havíamos tomado nossas refeições costumeiras naquele dia, e nossa mãe nos acalmou dizendo que o papai chegaria logo com um lanche. Normalmente, ele também trazia o almoço e o alimento para o dia seguinte. Entretanto, quando  papai chegou, trouxe a notícia de que o dia havia sido ruim. Ele era um barqueiro, que ajudava as pessoas a cruzarem o Rio Negro de um lado para o outro, e vendia lanches aos passageiros. Mas chovera bastante naquele dia, e não haviam aparecido muitos fregueses. Ele acrescentou que o lanche que ele vendia "nadou", seu jeito de dizer que havia estragado. Sem dinheiro e sem lanche, nós, crianças, ficamos tristes e famintas.
Mas mamãe não perdeu a fé, reuniu a família e fez o culto vespertino como de costume. Pouco depois, era nossa hora de ir para a cama. Entretanto, ao nos prepararmos para dormir, alguém bateu à porta. Um carro havia parado na frente do barraco e alguém saiu, carregando uma caixa. Sem explicação nenhuma, o homem deixou a caixa em frente à nossa casa. Continha comida suficiente para alimentar nossa família por vários dias! 
Nosso coração transbordou de alegria, e toda família se ajoelhou e deu graças a Deus pelo milagre que Ele havia operado. Assim como alimentou Elias no deserto, Deus alimentou Seus filhos, literalmente. Ele nos enviou aquilo que precisávamos. Em compensação, tudo o que Ele desejava era que não perdêssemos a fé. Mesmo antes de pedirmos, Ele providencia o necessário porque nos conhece muito bem.
Nós, as crianças, somos adultas agora, mas não nos esquecemos do milagre que ocorreu durante nossa infância. Na Bíblia podemos ler o seguinte: "Digam aos seus filhos o que aconteceu; que eles contem aos seus filhos, que eles falem sobre isso à geração seguinte" (Joel 1.3, NTLH). Assim, hoje nós o contamos aos nossos filhos, que contarão às outras gerações. E o nome de Deus será exaltado, para sempre e sempre.

*Ester Figueiredo Araújo é professora universitária, membro da Academia Itacoatiarense de Letras, e da Comissão científica da cidade de Itacoatiara, Amazonas, Brasil. Ela tem três filhos e quatro netos. Gosta de ler, fazer caminhadas e escrever.

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