quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O que mudou?



Fico tentando achar explicações ou quase um elo perdido, que possa me conformar com toda essa mudança no ser humano nas últimas décadas. Se é algo cultural, científico, passageiro, transitório ou permanentes modismos, realmente não sei! Tudo está diferente, até mesmo o modo de olhar a vida ; tenho um certo medo! Para não dizer um pavor generalizado, um desespero interior, e também um desgosto patriótico. Antes, saía a noite para pensar, subia no telhado para conversar com Deus, me sentia mais próximo então do céu. Meu cachorro, aliás, uma linda cadelinha, era a minha confidente, me entendia e até chorava quando eu estava com ausência de alegria. 
No meu quintal, na verdade, no jardim, tinha um pinheiro de uns sete metros de altura. Quando batia o vento, ele assoviava; dava arrepios! Sua majestosa imponência impunha um respeito a quem quer que o olhasse. De vez em quando, aparecia uma coruja lá em casa... eu achava que meu vizinho era um lobisomem. O primeiro beijo era um marco na vida de qualquer jovem ou até dos mais velhos, que tardiamente conseguiam suas conquistas. Uma bola era tudo para todos, nada mais era preciso; talvez alguns pneus para rodar sem destino por aí. Meninas...até os 12 anos eram inimigas, tínhamos o clube do bolinha; depois, aos 14 nos apaixonávamos, e o toco era iminente, éramos tão frangotes. Magros, felizes e sem músculos, mas respeitosos e criativos, obedientes! Toda mãe era o nosso primeiro amor, aí de quem a xingasse! Era a maior das ofensas... vou te pegar lá fora!!! E todos saíam de olhos roxos, lábios cortados, mas vivos! Todos sobreviviam e se tornavam homens. 
Desculpe-me as Barbies, mas a onda eram as Suzys e os Aquaplays. Ser Boy em uma empresa era maneiro, completar o "Segundo grau" era o máximo... faculdade não atraía muito, as bandas de rock sim! Ser bancário e professor... puxa!... Era sonho de muita gente. Sonhar era tão bom, quase uma realidade. Não tinha medo de humanos e sim de assombração, o natural era tão simples, mas o sobrenatural dava nó nos cabelos encaracolados da molecada. Tempo bom de dançar na "discoteca"! Dançar de rosto colado com um rosto desconhecido era quase que obrigatório! Festinhas americanas, batidas e cuba libre; anos 80 com música dos anos 60. Cinema, praia de Paquetá, cachoeiras em Conceição do Jacareí, cinema fora dos shoppings, sinuca escondida e o famoso totó, ou pebolim para os colegas paulistas. E finalmente o bolo de fubá da vó ou da tia, com a supervisão de toda a família. 
O que mudou? Tudo! Infelizmente tudo! Vou voltar a subir em algum telhado, e retomar a conversa com Deus, onde parei, aliás! 
A única coisa que não mudou, foi Ele!

  Por  Alex Faria

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