quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Procura-se um Amigo




Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter

sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e

calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia,

de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos

ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande

amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse

amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os

passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se

sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é

imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter

sido enganado, pois todos os amigos são enganados.

Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro,


mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de

perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir

o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias

humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo.

Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o

imenso vazio dos solitários.

Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam

nascer.


Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos,

que se comova quando chamado de amigo. Que saiba

conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes

chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de

um amigo para não se enlouquecer, para contar o que

se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e

das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve

gostar de ruas desertas, de poças de água e de

caminhos molhados, de beira de estrada, de mato

depois da chuva, de se deitar no capim.


Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,

não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.

Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para

não se viver debruçado no passado em busca de

memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo

ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a

consciência de que ainda se vive.




(Desconheço a autoria)








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