terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Os óculos de meu pai

Felizes são os olhos de vocês, porque vem; e s ouvidos de vocês porque ouvem. Mateus 13.16

*Charlotte Robinson
Meu pai faleceu em 2005. Como minha mãe não se decidiu a descartar os pertences dele, foi só depois da morte dela , dois anos mais tarde, que começamos o processo de esvaziar os móveis. Abrindo a gaveta superior da cômoda do papai, encontrei alguns objetos pessoais, como um relógio de bolso do vovô, recortes de jornal e óculos. Seis pares de óculos.
Provavelmente, ele guardava todos eles para o caso de, se um quebrasse, poder facilmente voltar ao par antigo, e assim economizar um pouco de dinheiro. Por curiosidade, decidi  prová-los para ver que tipo de visão meu pai tinha.
Como fiquei chocada! Papai, que lia livros, jornal ou a última edição da Revista Seleções até tarde da noite, era aparentemente, quase cego de um olho. Consegui  ver com a lente de um lado, mas a segunda lente parecia um espesso nevoeiro. Comecei a chorar. Papai realmente possuía uma visão ruim. Talvez fosse por isso que ele insistia com tanta frequência em que eu levasse meus filhos ao oftalmologista.
Foi então que me veio à mente uma história que papai me contou quando eu era criança, acerca de seu "olho preguiçoso".  Papai contou: "Lembro-me de ter andado numa charrete com papai e mamãe quando eu tinha uns cinco anos", dissera ele. "Eu colocava a mão sobre um olho e via bem, mas quando cobria o outro olho, tudo ficava escuro, com apenas um pouquinho de luz aparecendo. Quando fiquei mais velho, meus pais me arranjaram uns óculos, mas minha visão era fraca num olho. Se tão somente alguém tivesse posto uma tarja no olho bom para fazer com que o olho fraco trabalhasse um pouquinho mais para se fortalecer, possivelmente eu teria uma visão melhor nesse olho".
Assim, por 90 anos , meu pai não tivera visão boa. Contudo, criou uma  família, manteve seu emprego e viveu normalmente. Nunca imaginamos que sua visão fosse menos do que perfeita.
Com que frequência olhamos para alguém sem saber, na realidade, como essa pessoa vê o mundo? Ela "vê" coisas com olhos nublados, olhos que tornam amarga a sua vida? Ou tem visão clara, refletindo sua alegria no brilho dos olhos? É provável que Helen Keller, que perdeu a visão por volta dos dois anos de idade, não se lembrasse de ter visto alguma coisa. Mas sua visão interior era de felicidade, deleite e pensamentos positivos. Se pudéssemos ver através dos olhos de outra pessoa, isso nos ajudaria a entender melhor como tomou suas decisões. Poderíamos, inclusive, ver as coisas da maneira como Deus deseja que vejamos o mundo.

*Charlotte Robinson  nasceu em Arkansas (EUA), onde também criou a família. Ela e o esposo, George, tem três filhos. O casal e os três filhos trabalham na fábrica de alimentos McKee. Charlotte também trabalha na limpeza de três agências do correio. O tempo de descanso ela gosta de passar com a família e adorando a Deus em sua igreja local.

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